Danse Breique são os bailarinos portugueses a gostarem deles próprios. Que é como quem diz, um repositório online com gravações de vídeos de vários bailarinos. Dygas e Sílvio inauguram o projecto, juntos, através de “popping”, um estilo de dança intimamente ligado ao "hip-hop" (vê o vídeo).
Atrás da câmara está João Correia, 27 anos, licenciado em Comunicação Empresarial e Comunicação Multimédia, que quer ser uma espécie de "Tiago Pereira da dança". Gracejo do próprio. Mas, ao contrário do videasta, o objectivo de João não passa por gravar indiscriminadamente todos os bailaricos e, por isso, haverá uma selecção.
João Correia conheceu os dois bailarinos nas gravações para o seu segundo documentário “Amarelo Intermitente” — projecto premiado pela Unhate Foundation —, que se debruça sobre a vida de jovens artistas. “Tinha convidado o Max dos Momentum Crew a participar no filme e quando cheguei ao Casino de Espinho fui surpreendido por uma equipa com mais de 20 bailarinos”, conta ao P3.
Sem a obsessão de documentar tudo
Desde então os contactos floresceram e a ideia de criar o arquivo Danse Breique começou a ganhar vida. O número de gravações ainda está por definir. Definido está que cada episódio da série será estreado em exclusivo pelo P3 e que nunca terá mais do que três ou quatro minutos. Até à data, João filmou quatro vídeos e quatro estilos: "locking", "popping", "power moves" e "hip-hop", todos intimamente ligados a este último movimento cultural.
Num futuro próximo pretende dedicar-se à gravação de dança e ballet contemporâneo e já tem cerca de cinco gravações agendadas. Não descarta a possibilidade de o projecto se alargar a outros géneros de dança, nomeadamente aos mais tradicionais, mas sublinha que não haverá uma obsessão em documentar indiscriminadamente. O “gosto pessoal” e as recomendações de amigos mais próximos foram os principais critérios utilizados até ao momento.
Para o bem e para o mal, vive “numa aldeia, no concelho de Arganil, que não tem mais do que duas casas”, conta. João Correia também realizou X.TO, um retrato do dia-a-dia nas aldeias de xisto portuguesas, que recorreu a financiamento através de uma plataforma de "crowdfunding" e que fez parte da selecção oficial do festival Caminhos do Cinema Português (2012).
Da mãe herdou o gosto pela dança. Já o jeito, não se lhe ficou. No fundo, no fundo, Danse Breique nasce de uma vontade frustrada de dançar. O ideal seria que a série contasse com 20 episódios mas tudo dependerá da adesão.