Ferguson deixa de ser treinador do Man. United após 26 anos

Escocês passa a director e embaixador do clube de Manchester. O próprio assume que construiu "um clube e não apenas uma equipa de futebol".

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Alex Ferguson conquistou 13 campeonatos com os "red devils" Phil Noble/Reuters

O anúncio da saída foi feito nesta quarta-feira no site oficial do Manchester United.

Ferguson, de 71 anos, conquistou 38 títulos ao serviço do clube inglês, incluindo 13 campeonatos de Inglaterra e duas Ligas dos Campeões.

“A decisão de me retirar foi algo em que pensei durante muito tempo e não a tomei de ânimo leve. É a altura certa”, disse Ferguson, na declaração de despedida publicada no site do Manchester United.

“É importante deixar o clube na melhor forma possível e acredito que faço isso. A qualidade desta equipa vencedora, o equilíbrio entre idades, augura sucesso ao mais alto nível, enquanto a estrutura jovem permite assegurar o futuro clube”, acrescenta o mesmo comunicado.

O técnico escocês chegou ao United a 6 de Novembro de 1986, iniciando um ciclo que o transformou no mais vitorioso treinador da história do futebol britânico.

A carreira de Ferguson até começou mal no Manchester. Só em 1990 conquistou o primeiro título, uma Taça de Inglaterra, que o salvou do despedimento iminente. Só foi campeão em 1993, seis anos depois de chegar, mas iniciou um ciclo de domínio que permitiu ao United tornar-se o clube com mais triunfos no campeonato inglês: incluindo já o título desta temporada, o clube soma 20, contra 18 do Liverpool.

“Nos meus primeiros anos, o apoio da direcção, e de sir Bobby Charlton em particular, deu-me a confiança e o tempo para construir um clube de futebol e não apenas uma equipa de futebol", lê-se na mesma declaração de despedida de Ferguson.

Na Europa, o manager escocês foi também responsável pelo regresso aos títulos do United. Em 1999, conquistou a Liga dos Campeões, na mítica final em que bateu o Bayern Munique (2-1), com dois golos no tempo de compensação, e em 2008 (com Cristiano Ronaldo), voltou a triunfar, batendo o Chelsea no desempate por pontapés da marca de grande penalidade.

Além das conquistas, Ferguson foi também responsável pelo lançamento na alta roda de grandes figuras do futebol mundial. De Ryan Giggs a David Beckham, passando por Paul Scholes, o técnico escocês foi renovando as suas equipas ao longo de 26 anos e meio. Liderou jogadores como Peter Schmeichel, Mark Hughes, Eric Cantona, Roy Keane, Dwight Yorke e Solskajer. E foi ele também o responsável pela contratação de Cristiano Ronaldo, cuja carreira deu um salto com a mudança para Inglaterra.

Carlos Queiroz (que foi adjunto de Ferguson) e Nani (actual jogador do United) são outros portugueses cujas carreiras estão fortemente ligadas a Ferguson, um homem de personalidade forte e que ficou conhecido como o “secador”, pelos sermões que dá aos jogadores, gritando-lhes em cima da cara.

Uma eventual reforma de Ferguson foi muitas vezes referida nos últimos anos, mas o escocês foi adiando a saída. Nos últimos dias, regressaram em força as especulações na imprensa inglesa e desta vez é mesmo verdade. Sir Alex deixa o banco, tornando-se director e embaixador do Manchester United, que agora terá de procurar um novo treinador, algo que não faz há quase 27 anos.

Segundo a BCC, as casas de apostas apontam David Moyes, actual treinador do Everton, como o nome mais provável para suceder a Ferguson. José Mourinho também já está a ser referido. Por um lado, estará de saída de Real Madrid e são conhecidas as suas boas relações com Ferguson, mas por outro lado há dúvidas sobre se o estilo do português agrada aos proprietários do United. 

O último jogo de Ferguson como treinador acontecerá a 19 de Maio, frente ao West Bromwich.

Ao anúncio de despedida, seguiram-se imediatamente manifestações de homenagem ao técnico escocês. O Manchester United criou já um site para agradecer ao treinador (http://www.manutd.com/thankyousiralex) e os proprietários do clube deram o tiro de partida nos elogios. “Alex provou várias vezes como é um manager fantástico”, disse Joel Glazer, lembrando que nunca esquecerá “aquela noite mágica em Moscovo”, referindo-se à conquista da Liga dos Campeões de 2008.

“O seu contributo para o Manchester United nos últimos 26 anos foi extraordinário e, como todos os adeptos do United, quero que ele faça parte do futuro do clube”, acrescentou, por sua vez, Avie Glazer.

Notícia corrigida às 12h19, substituindo a expressão "em mais de meio século" por "em mais de um quarto de século", no primeiro parágrafo.

 
 
 

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