Regresso de um dos mais fotogénicos paquidermes da história, reflexo de um tempo em que o cinema tentava desesperadamente manter a sua relevância (face à crescente importância da televisão) pela ampliação desmesurada das suas virtudes clássicas e do seu espectáculo visual. A estratégia, seguida pela indústria entre o final dos anos 50 e boa parte dos 60, produziu imensos monos. Lawrence da Arábia não deixa de ser um deles, tanto mais que foi a partir daqui que David Lean cruzou a fronteira entre o academismo sólido e super-profissional das primeiras décadas da sua obra e a sensaboria grandiloquente do seu período final; mas é um mono, um paquiderme, singularmente sedutor, e a chave para isso está numa coisa muito simples, de resto praticamente desaparecida do cinema-espectáculo-visual contemporâneo: a fotogenia, neste caso de uma paisagem, o deserto, que se torna ao mesmo tempo cenário e personagem principal, e vive no filme como testemunha, silenciosa e altiva, dos conflitos que a História e os homens para ele trazem.
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