Não, ou a história de como um publicitário de cabeça arejada ajudou a derrubar a ditadura de Pinochet. É melhor visto se tudo - a campanha, os spots, a recuperação de imagens dos anos 80 - for tomado como pretexto, simples “termómetro” narrativo para ir descrevendo o ambiente no Chile durante os últimos dias de Pinochet. Isso, o filme faz bem, e até de maneira divertida, sobretudo através do “duelo de propagandistas” (Garcia Bernal e Alfredo Castro), um pelo Não outro pelo Sim. Mas apesar da abundância de material de arquivo Larraín foge de qualquer tentativa analítica como o diabo da cruz, preferindo escudar-se numa melancolia (Gael e o seu skate, no final) de raiz tão obscura que equivale a não dizer nada. E de facto, fora o equivalente de uma máxima clássica - a que diz que a televisão vende sabonetes, ou neste caso refrigerantes, e presidentes da mesma maneira - o filme de Larraín prefere manter-se mudo, reduzindo o seu “arquivo” propagandístico a um anedotário do estertor do regime de Pinochet. Um bocadinho mais de ambição e o filme podia ter corpo, outro peso.
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