G8 promete "medidas significativas" se a Coreia do Norte lançar mais mísseis

Pyongyang pode realizar testes nos próximos dias, mas EUA e Coreia do Sul já disseram que só respondem a ameaças directas.

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Grande parte da retórica norte-coreana destina-se a manter o seu povo unido PEDRO UGARTE/AFP

A confirmarem-se as mais recentes informações que têm sido avançadas pelas autoridades de Washington e de Seul, os sul-coreanos terão de esperar e suster a respiração pelo menos até à próxima segunda-feira, dia em que os norte-coreanos comemoram o 101.º aniversário do nascimento do pai da nação, Kim Il-sung. Se o regime estiver disposto a ir além da retórica inflamada dos últimos tempos, poderá testar um dos seus mísseis Musudan no dia 15. Mas nem isso é ainda um dado adquirido.

As movimentações no terreno apontam nesse sentido, com relatos da deslocação na zona Este do país de dois mísseis de médio alcance, que no papel têm capacidade para atingir o Japão ou até mesmo as bases norte-americanas em Guam. O problema é que estes mísseis nunca foram testados, e alguns analistas acreditam que esta não será a melhor altura para Pyongyang revelar fragilidades.

"Se eles quiserem marcar uma posição política, especialmente neste momento, acho que iriam testar um míssil que já sabem que funciona. É por isso que duvido que eles lancem este novo míssil Musudan, que nunca foi testado. Seria um embaraço político para eles se acabasse por se revelar um falhanço", disse ao Wall Street Journal o especialista em relações intecoreanas Daniel Pinkston, do think tank International Crisis Group.

Teste deverá ser tolerado

Para além disso, as declarações oficiais dos EUA e da Coreia do Sul sugerem que mesmo um eventual teste com um míssil não seria motivo para alarme. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-coreano, Kim Min-seok, deu a entender que o país só responderá se se sentir directamente ameaçado: "Os nossos militares estão preparados para o caso de um míssil do Norte ameaçar o nosso povo e o nosso território", disse o responsável, citado pela agência Yonhap.

Também o almirante Samuel Locklear, comandante das forças norte-americanas no Pacífico, descartou a possibilidade de uma resposta militar se o Norte realizar um teste. Questionado no Senado sobre se recomendaria o abate de qualquer míssil lançado por Pyongyang, seja qual for a trajectória, Locklear respondeu: "Não recomendaria isso." O único problema parece ser a falta de conhecimento sobre Kim Jong-un. "Não é claro para mim que ele tenha uma estratégia para sair desta situação. É isso que torna este cenário particularmente desafiador", considera o almirante norte-americano.

Bastante claro é que o regime norte-coreano não pretende mudar de discurso, pelo menos nos próximos dias. Mesmo depois de os sete países da União Europeia com representação diplomática em Pyongyang terem decidido manter as suas embaixadas a funcionar — considerando que "a situação no terreno não justifica uma evacuação" —, a agência oficial KCNA avisa esta quinta-feira que a sua retórica não é apenas propaganda: "Os poderosos meios das forças armadas revolucionárias da República Democrática da Coreia foram colocados em posição e as coordenadas dos alvos foram introduzidas nas ogivas. Basta carregar num botão para transformar os bastiões dos inimigos num mar de fogo."

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