}

Gaspar admite que o desemprego é o “problema mais grave” do país

Ministro das Finanças reconhece que “nem tudo está bem do lado macroeconómico" e diz que Portugal quer seguir a Irlanda “tão perto quanto possível”

Foto
Vítor Gaspar determinou em 2013 que fundos da segurança social tinham de investir mais em dívida pública Daniel Rocha

Num discurso proferido na universidade Trinity College Dublin, Irlanda,Vítor Gaspar reconheceu que, em Portugal, “do lado macroeconómico nem tudo está bem” e destacou a quebra da actividade económica e o aumento do desemprego.

“O desemprego é o problema mais grave no meu país”, afirmou o ministro das Finanças, salientando o número de desempregados de longa duração, bem como a taxa de desemprego entre os jovens, que é de cerca de 40%. “A actividade económica baixou mais do que as estimativas do programa [de ajustamento] original e o desemprego aumentou”, disse.

Já esta manhã, Vítor Gaspar tinha afirmado que Portugal quer seguir de perto o exemplo da Irlanda no processo de regresso aos mercados e pretende emitir dívida a 10 anos. Disse ainda que Portugal enfrenta um conjunto de desafios, entre os quais compensar o impacto provocado pelo chumbo do Tribunal Constitucional a quatro normas do Orçamento do Estado deste ano.

Entre os desafios que Portugal tem pela frente está também o regresso ao mercado de dívida, algo que, explicou o ministro, o governo está a fazer “quase em paralelo” com a Irlanda. “Estamos a tentar seguir a Irlanda tão perto quanto possível”, disse, acrescentando que pretende fazer uma emissão de dívida a 10 anos.

Vítor Gaspar afirmou ainda que Portugal precisa de investimento, de reduzir a despesa pública e sublinhou a importância de manter o consenso político e social.

Durante a sua intervenção, o ministro apresentou uma breve retrospectiva histórica da economia portuguesa.

De acordo com Vítor Gaspar, entre 1995 e 2008, a economia portuguesa acumulou desequilíbrios. Neste contexto, o ministro citou o economista Olivier Blanchard que, em 2007, afirmou que Portugal enfrentava “sérios problemas”, entre os quais um défice orçamental elevado.

Mais tarde, entre 2008 e 2010, houve, segundo Vítor Gaspar, um erro na condução das medidas que foram concretizadas.

O ministro reiterou ainda que a primeira década de Portugal na zona euro foi caracterizada por um crescimento “anémico” e que, durante este período, a economia portuguesa acumulou um défice de competitividade.

Vítor Gaspar está em Dublin para participar nas reuniões informais do Eurogrupo (ministros das Finanças da zona euro) e Ecofin (ministros das Finanças da União Europeia), que decorrerão na sexta-feira e no sábado, durante as quais será discutido o pedido de extensão dos prazos de maturidade dos empréstimos português e irlandês.

Na terça-feira, a agência de notícias Reuters noticiou, citando um documento interno, que a ‘troika’ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) recomenda que Portugal consiga uma extensão de sete anos para o prazo de pagamento do empréstimo.