Benfica empata em Newcastle e fica a uma eliminatória da final
"Encarnados" estiveram em desvantagem, mas conseguiram igualar o encontro já em tempo de descontos.
Um golo de Salvio confirmou o apuramento e a 13.ª presença “encarnada” nas “meias” de uma prova da UEFA, mais do que o somatório de todas as restantes equipas portuguesas. O sorteio em Nyon ditará uma destas três equipas como próximo adversário: Basileia, Chelsea ou Fenerbahçe.
Jorge Jesus fugiu um pouco ao seu plano de ataque habitual. Apresentou um meio-campo reforçado com Gaitán, mais Salvio e Olan John nas alas, e apenas Lima como ponta-de-lança e a estratégia até começou por funcionar melhor do que no jogo da primeira mão, em que o Newcastle entrara melhor e marcara cedo. Desta vez, a formação orientada por Alan Pardew pouco se mostrou perante o seu público, optando por se conter nas suas intenções ofensivas e entregar o controlo aos “encarnados”.
A eliminatória podia ter ficado resolvida no início. Salvio avançou pelo flanco direito, fez o cruzamento para a área e Lima, de calcanhar, testou os reflexos do guarda-redes Tim Krul. No minuto seguinte, foi Ola John a obrigar o seu compatriota na baliza do Newcastle a mostrar serviço, com um remate a grande distância da baliza. Era um domínio constante, controlado, sem sobressaltos aquele que o Benfica exercia em St. James Park. Só faltava mesmo o golo para fazer da qualificação um dado adquirido.
As oportunidades para o Benfica continuaram a aparecer. Aos 28’, Krul saiu-se mal da baliza, deixou que a bola cheguasse aos pés de Gaitán, o argentino conseguiu rematar na direcção da baliza, mas Haidara evitou o golo sobre a linha. O empate era muito lisonjeiro para a formação britânica, que raramente conseguia sair do meio-campo, quanto mais chegar com perigo à baliza de Artur. Não havia capacidade criativa naquele meio-campo (Marveaux, um dos melhores na primeira mão, ficara no banco) e a bola raramente chegava aos rápidos e perigosos Cissé e Sissoko.
Mas tanta passividade do Newcastle era de desconfiar. O Benfica não poderia descansar à sombra da sua própria qualidade e subestimar a capacidade de luta dos homens da casa. E houve dois avisos na forma de golos anulados. Primeiro, mesmo a fechar a primeira parte, Cissé ainda meteu a bola na baliza, mas estava em fora-de-jogo. O avançado senegalês voltou a festejar o golo aos 67’, de novo em posição irregular — ambas as situações bem ajuizadas pela equipa de arbitragem liderada pelo croata Ivan Bebek.
Apesar de não contarem, estas jogadas eram sinais de que o Benfica era vulnerável e confiança do Newcastle cresceu. Aos 71’, a bola voltou a entrar na baliza do Benfica e desta vez o lance foi válido, seguindo quase à risca a estratégia declarada por Pardew na conferência de imprensa (marcar o primeiro aos 70’, tentar o segundo depois disso). Ben Harfa aproveitou a passividade de Matic e Garay, fez o cruzamento e Cissé, na pequena área, só teve de empurrar. Estava em perigo, não apenas a invencibilidade do Benfica nesta Liga Europa, como a própria eliminatória, e, durante largos minutos, os “encarnados” pareceram desconfortáveis.
O Newcastle mostrou alma, mas foi vítima da sua própria sofreguidão, enquanto o Benfica acalmou e, mesmo não voltando a assumir o controlo do jogo, conseguiu afastar o Newcastle da sua área e até criar algum perigo. Aos 89’, Gaitán voltou a falhar na cara de Krul e, já em período de compensação, Salvio mostrou outro sangue-frio após passe de Rodrigo e fez o empate, desfazendo todas as dúvidas sobre quem iria passar — foi a quarta vez que o Benfica afastou um adversário inglês — e mantendo a invencibilidade dos “encarnados” na prova. “A época já é brilhante e pode ser de sonho”, dizia Jesus antes do jogo. O sonho está cada vez mais próximo da realidade.