Que Sokurov é um dos mais notáveis fazedores de imagens no cinema contemporâneo é inegável; a precisão que colocou em cada uma das cenas da sua versão do mito faustiano aproxima Fausto das nobres belas-artes e reenvia para os primórdios do cinema enquanto arte de imagens em movimento (nem falta o formato “quadrado” 1.37:1 como nos primeiros tempos da 7ª Arte). Mas essa extraordinária criação visual é literalmente soterrada pelo excesso: grotesca, barroca, surreal, a busca do conhecimento e do poder último pelo dr. Fausto constrói-se de modo brutalista, num carrocel de estímulos que se impõe ao espectador até apenas restar a subjugação à sua arte total, ou não fosse este o título final do ciclo que o russo dedicou ao poder; poderá ele estar a falar de si próprio?
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