China avisa Coreia de que "não tolerará" um conflito, EUA adiam teste de míssil para apaziguar tensões
Em Pyongyang, ministro dos Negócios Estrangeiros disse que a questão não era se iria haver guerra, mas quando ela iria acontecer.
O teste de míssil balístico dos EUA previsto para os próximos dias não estava em nada relacionado com a crescente hostilidade entre os dois países. Mas podia ser interpretado pelo regime de Pyongyang como uma provocação, explicou à Reuters um responsável da Defesa norte-americano não-identificado. Assim, Washington preferiu evitar “mal-entendidos” susceptíveis de agravarem a situação e deixou o teste do míssil intercontinental Minuteman III, previsto para ser realizado na base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia, para uma data futura.
“Esta é a acção lógica, prudente e responsável a tomar”, disse a mesma fonte, deixando, no entanto, claro que os Estados Unidos continuam prontos para responder a qualquer ameaça de Pyongyang.
Embora a televisão norte-coreana não tenha dado sinais de qualquer tensão no Norte este domingo, escreve a Reuters, a agência de notícias chinesa Xinhua lembrou as palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte deste fim-de-semana. O representante do regime norte-coreano falava a propósito da recomendação que o seu regime fizera na sexta-feira para que as embaixadas retirassem o seu pessoal por não garantir a sua segurança quando afirmou que a questão não era se iria haver guerra, mas quando ela iria acontecer.
Até agora, nenhuma embaixada anunciou a decisão de retirar o seu pessoal. E na Coreia do Sul, o fim-de-semana foi sem preocupações, como nota a Reuters. Mas a aproximação da data do aniversário de Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte e avô do actual líder, 15 de Abril, sempre celebrada com fervor nacionalista e demonstrações do poderio militar do país, está a criar este ano particular expectativa.
Subida de tom na China
A China, principal aliado da Coreia do Norte, lançou este domingo vários avisos. O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que nenhum país “devia ser autorizado a arrastar uma região e porventura todo o mundo para o caos para obter ganhos egoístas”. E acrescentou: “A estabilidade na Ásia enfrenta agora novos desafios, numa altura em que questões delicadas continuam a emergir e ameaças à segurança, tradicionais e não-tradicionais, existem.”
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros manifestou “séria inquietação” perante “a crescente tensão na península coreana”. E disse, citado numa declaração do seu ministério, que Pequim “não iria tolerar que problemas fossem criados” na região e “às portas da China”. O governante fez saber que a embaixada chinesa continuava a funcionar normalmente em Pyongyang e pediu às autoridades que garantissem a segurança dos seus diplomatas e cidadãos.
Uma erosão da tradicional aliança entre Pequim e Pyongyang, que a China apoia financeira e diplomaticamente, está a ser cada vez mais falada entre analistas. A posição belicista da Coreia do Norte dá uma oportunidade aos Estados Unidos para estabelecer pontes com a China, escreveu a AP.