Azagaia lança "Música de Intervenção Rápida" contra carga policial em Maputo

Vídeo já tem mais de 7000 visualizações no Youtube.

Azagaia lança "Música de Intervenção Rápida"

Edson da Luz, que usa Azagaia como nome artístico, publicou a sua M.I.R -- Música de Intervenção Rápida no Youtube, o mais famoso portal de vídeos da actualidade, onde hoje às 15h37 tinha 7628 visualizações.

 “Achei isso [a carga policial] um absurdo, porque é um direito constitucional dos moçambicanos manifestarem-se, e esse direito foi violado”, disse o músico à agência Lusa, explicando as razões para a composição da faixa.

No vídeo, em que usa imagens recolhidas pelas televisões moçambicanas no dia dos confrontos, que se desenrolaram na baixa de Maputo, a escassos metros do edifício onde o Governo moçambicano se reúne todas as terças-feiras, Azagaia trabalha no estilo de “intervenção” que lhe é conhecido. A começar pelo título da música, que alude à Força de Intervenção Rápida da polícia moçambicana (a FIR), protagonista da acção contra os desmobilizados.

“Avisem o conselho de ministros que na próxima terça-feira / eu levo um par de gira-discos / e colunas lá para a feira / com milhares de quilowatts para os camaradas / vou ligar os microfones / e lançar um jato de palavras”, canta Azagaia no refrão de M.I.R.

“Mesmo que houvesse alguma irregularidade [na manifestação], não era com violência que se devia responder, porque, para além de terem violentado pessoas com alguma idade, colocam a sociedade toda apavorada e com receio de dizer aquilo que pensa”, diz o músico.

As declarações da ministra da Justiça moçambicana, Benvinda Levy, sobre a acção das forças policiais - “os direitos humanos devem ser sempre respeitados, mas há circunstâncias em que o poder do Estado tem de se sobrepor para acautelar direitos mais altos” -- dão mote ao primeiro verso do tema: “Ah!Ah!Ah! Senhora ministra cuidado com as palavras/ Se não fosse o sangue do povo / nem sequer governavas”, canta Azagaia, que no vídeo encarna a figura de um desmobilizado de guerra.

Segundo o músico, o número de visualizações do vídeo “é um reflexo da pertinência do assunto”: “Acho que [a carga policial] é uma coisa que as pessoas viram e não gostaram, e agora ao ver ser retratado numa faixa musical, neste caso num vídeo, sentiram-se identificadas e querem, como eu supunha, voltar a falar sobre isso. É como se fosse uma espinha encravada na goela de muitos”, conclui.

Azagaia está a finalizar o seu segundo álbum, Kubaliwa, que deverá ser lançado ainda durante este ano, e que vai abordar temáticas como “o preconceito e a precariedade”.