Primeiro número da revista Granta Portuguesa terá inéditos de Fernando Pessoa
O director Carlos Vaz Marques quer publicar um inédito de um autor desaparecido por cada número, mas a própria revista encomendará textos a autores de língua portuguesa.
A publicação de cinco sonetos de Fernando Pessoa, apresentados pelos investigadores pessoanos Jerónimo Pizarro e Carlos Pitella-Leite, insere-se no primeiro objectivo da revista, que “é o de publicar bons textos literários inéditos”, disse Carlos Vaz Marques.
Referindo-se à publicação dos sonetos de Pessoa, Vaz Marques afirmou tratar-se de “uma revelação absoluta” que “já justificaria, por si só, este primeiro número da edição portuguesa da Granta”.
Segundo o responsável, há o interesse em publicar um inédito de um autor desaparecido por cada número, mas a própria revista encomendará textos a autores de língua portuguesa.
“Sabemos que uma parte importante do trabalho literário surge, muitas vezes, de estímulos externos, e pretendemos ser essa centelha que acende o rastilho de autores com talento e coisas para dizer”, disse.
Um outro objectivo da revista, que terá periodicidade semestral, “é o de publicar em português os textos de grandes escritores, escritos para a Granta de língua inglesa, e nunca editados em Portugal”.
“O baú da Granta é imenso e de grande qualidade, com autores tão importantes como Salman Rushdie ou Martin Amis, Saul Bellow ou Ryszard Kapuscinski”, acrescentou.
À Lusa, Vaz Marques revelou um terceiro objetivo, “mais ambicioso”, que é o de “dar a conhecer e de conseguir abrir portas noutros países a alguns dos autores que publicarão na edição portuguesa”.
“Sendo a Granta, cada vez mais, uma família literária global, com edições em diversas línguas, temos esta ambição”, rematou.
A Granta Portuguesa terá, “em todos os números, um portfolio fotográfico, que, nesta primeira edição, vai ter a assinatura do fotógrafo Daniel Blaufuks”.
A Granta portuguesa, que será publicada pela editora Tinta da China, irá “seguir o modelo original da Granta, que já deu provas de grande qualidade”, disse Vaz Marques, que sublinhou que “será, acima de tudo, uma revista virada para a criação literária, na qual se tentará juntar nomes consagrados e novos talentos”.
À nova revista, Carlos Vaz Marques quer “chamar autores de todo o espaço de língua portuguesa”.
Questionado sobre qual a ortografia escolhida, seguindo ou não o Acordo, Vaz Marques afirmou: “A Granta não vai ater-se a pequenas polémicas de circunstância. Será publicada na forma ortográfica escolhida por cada um dos autores que escrever para ela”.
Destinada “a todos os leitores de língua portuguesa”, não foi ainda definida a tiragem que vai ter e, quanto a colaboradores, Vaz Marques achou que ainda é cedo para os revelar.
A Granta não terá uma edição “on-line”, garantiu o director que acrescentou que o “design” vai ser de Vera Tavares.
“Saliento o entusiasmo da editora Bárbara Bulhosa, sem o qual este projecto não existiria, e a extraordinária dedicação da Inês Hugon, da Madalena Alfaia, da Rute Dias e do Joaquim Massano, contributos essenciais para concretizarmos uma publicação que - estou convicto - vai tornar-se rapidamente um espaço literário insubstituível”, asseverou Carlos Vaz Marques.
Para o lançamento do primeiro número da Granta Portuguesa virá a Portugal o editor da Granta internacional, John Freeman, e Vaz Marques promete “uma festa de arromba”.