“Chipre deve sair do euro. Agora”, sentencia Krugman
O Nobel da Economia diz que só este caminho permitirá acelerar a reconstrução do país, que acordou um plano de resgate com a troika na segunda-feira.
O Nobel da Economia afirma, numa coluna de opinião que assina nesta quarta-feira no New York Times, que Chipre “deve sair do euro” e que essa decisão tem de ser tomada “agora”. Para o economista, se o país mantiver a moeda única vai entrar numa “depressão [económica] severa", que durará “muitos anos, até que consiga construir um novo sector exportador”.
Numa análise à economia do país, Krugman refere que tem dois grandes motores de crescimento, o sistema financeiro e o turismo. “Um deles [o sistema financeiro] acabou de desaparecer”, sublinha, referindo-se ao facto de Chipre ter acordado com a troika o desmantelamento do banco Laiki e uma profunda reestruturação do Banco de Chipre, que passam por cortes que podem chegar a 40% para os depositantes acima de 100 mil euros, para os accionistas e detentores de títulos.
“Sair do euro permitirá acelerar a reconstrução [económica de Chipre]", defende Krugman, explicando que o caminho mais acertado neste momento é apostar num “boom do sector turístico, enquanto se fomenta o crescimento de outras exportações”, dando o exemplo da agricultura.
No que diz respeito ao turismo, uma das maiores actividades da economia cipriota, o Nobel da Economia acrescenta que se deve apostar “numa forte desvalorização” pelo lado do preço. “Provavelmente terá de resumir-se a bons negócios que atraiam muitas viagens do Reino Unido”, sublinha.
Krugman acredita que o plano de resgate acordado com a troika poderá resultar “numa queda de 20% do produto interno bruto (PIB)”. Antevê, porém, que “a liderança do país irá ter receio de saltar para o desconhecido de sair do euro, apesar do óbvio horror que será manter a moeda única”.
O economista escreve ainda que o caminho que defende “parece desesperado e improvisado”, mas que “o desespero é apropriado” neste momento. “Caso contrário, vamos estar perante um nível de austeridade igual ao da Grécia ou pior, numa economia cuja base é muito mais frágil do que a grega”, sublinha.
“Se eu fosse um ditador, estenderia as férias dos bancos o tempo suficiente para preparar uma nova moeda”, conclui o Nobel da Economia, numa referência ao facto de as instituições financeiras do país estarem já encerradas há 12 dias.