Autora argentina Isol vence prémio ALMA

Por Portugal estavam nomeados o escritor António Torrado e a editora Planeta Tangerina.

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Isol mostra um dos seus livros no seu atelier em Buenos Aires REUTERS/Enrique Marcarian

Com 41 anos, Isol já publicou perto de duas dezenas de livros e tem obras editadas em 20 países. Em língua portuguesa, podem encontrar-se títulos como Conto de Natal de Auggie Wren, com texto de Paul Auster; Numerália (Poema para Contar), texto de Jorge Luján; Segredo de Família, Prenda Surpresa e Intercâmbio Cultural, com textos de Isol. Edições de Editorial FCE Brasil e Companhia das Letras.

Segundo a agência Lusa, o júri justificou assim a escolha: “Isol coloca-se do lado das crianças, observa o mundo através dos seus olhos e revela as coisas absurdas do mundo dos adultos.” Acrescentou ainda que a autora cria ilustrações que “vibram de energia e emoções explosivas”, encontra “soluções pictóricas inovadoras” que “testam os limites do álbum ilustrado” e consegue abordar “o lado mais negro da existência com humor e ligeireza”.

A autora disse à agência Reuters que foram os organizadores do prémio que a acordaram hoje com a boa notícia: “É inacreditável, especialmente porque os outros candidatos são incríveis.” E explicou em parte o seu sucesso junto dos miúdos: “Tem que ver com o ser capaz de, às vezes, como as crianças, fazer perguntas sem medo e responder de volta um pouco.”

O primeiro livro publicado por Isol foi Vida de Perros (Vida de Cães), em 1997. Nos anos que se seguiram recebeu vários prémios e foi seleccionada pelo American Institute of Graphic Arts (AIGA) para integrar o prestigiado anuário AIGA 50 Books/50 Covers, com o livro Tener un patito es útil.

Em 2006, 2007 foi finalista para o Prémio Hans Christian Andersen, estando entre os cinco ilustradores mais reconhecidos em todo o mundo pelo International Board on Books for Young People (IBBY). A candidatura para o ALMA foi sugerida pelo Banco do Livro da Venezuela.

Por Portugal estavam nomeados o escritor António Torrado e a editora Planeta Tangerina. Autores como Michael Morpurgo, Eric Carle e Terry Pratchett incluíam-se entre os 207 candidatos de 67 países. Também faziam parte da lista o promotor brasileiro de leitura Maurício Leite, as autoras angolanas Maria João e Maria Eugénia Neto, a Biblioteca Internacional da Juventude de Munique, o autor alemão Wolf Erlbruch e a associação cultural italiana Hamelin.

António Torrado, que passou a tarde de terça-feira em reunião da direcção da Sociedade Portuguesa de Autores, soube pelo PÚBLICO quem tinha ganho o ALMA. “A Argentina está em alta”, foi o seu primeiro comentário. Disse ainda que partira para o prémio “com um prudente cepticismo, para não ficar desiludido”. E acrescentou, bem-disposto: “Mas estou contente com a nossa vitória frente ao Azerbaijão”, referindo-se ao jogo da selecção portuguesa de futebol, que venceu por 2-0.

Reconhece que o dinheiro era bem-vindo e até gostava que muitos portugueses ganhassem prémios internacionais, “ajudava a equilibrar as contas do país”. O escritor, que foi proposto pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, pergunta: “Pode-se ser nomeado mais que uma vez para este prémio, não se pode?” A resposta é sim.

O prémio ALMA foi criado pelo Governo sueco em 2002, em memória da autora de Pipi das Meias Altas, e é atribuído todos os anos a autores, ilustradores e organizações que promovam a leitura à luz dos princípios de Astrid Lindgren. No ano passado, o ALMA foi entregue a Shaun Tan.

 
Página da autora Isol: http://www.isol-isol.com.ar/
 

Notícia actualizada às 21h35, com as declarações do escritor António Torrado.
 
 
 

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