Sarkozy diz ser alvo de “tratamento escandaloso” pela Justiça
Ex-presidente é suspeito de "abuso de confiança de pessoa fragilizada" numa investigação sobre financiamento ilegal a partidos.
Numa entrevista à rádio francesa RTL desta sexta-feira, o seu advogado, Thierry Herzog, disse que o ex-presidente francês “considera que o tratamento que lhe foi infligido” pela Justiça francesa é “escandaloso”, depois de ser questionado sobre a imparcialidade do juiz de instrução que o constituiu arguido, Jean-Michel Gentil.
Na véspera, Sarkozy tinha sido ouvido por um tribunal de Bordéus, de onde saiu acusado por abuso de confiança na investigação sobre o financiamento ilegal a partidos políticos, após acareação com o mordomo da multimilionária Liliane Bettencourt, herdeira do império L’Oréal. Em causa estará uma elevada quantia em dinheiro que terá recebido para a campanha eleitoral de Liliane Bettencourt, que tem agora 84 anos e que não está em plena posse de das suas capacidades mentais.
O ex-presidente francês é acusado de crime de "abuso de confiança de pessoa fragilizada", que terá sido cometido em Fevereiro de 2007 e ao longo desse ano, “em prejuízo da multimilionária herdeira do império L’Oreal”. A suspeita é que se terá aproveitado dos problemas de saúde mental de Liliane Bettencourt para obter financiamento ilegal para a campanha em que foi eleito Presidente da República.
O crime de financiamento ilegal prescreve ao fim de três anos, mas o de abuso de confiança é punível com uma pena até três anos de prisão e uma multa de 375 mil euros.
Várias pessoas próximas de Bettencourt afirmaram ter visto Sarkozy várias vezes durante esse período, mas, na entrevista à emissora francesa, Herzog garantiu que durante toda a campanha o ex-presidente esteve apenas uma vez na residência da multimilionária, a 24 de Fevereiro, para se encontrar com André Bettencourt, marido de Liliane, que viria a morrer em Novembro de 2007.
Da direita francesa já vieram várias reacções à acusação. O ex-primeiro-ministro François Fillon considerou-a “tão injusta quanto extravagante”; Henri Guaino, deputado da União por um Movimento Popular (UMP), o partido de Sarkozy, afirmou que o juiz de instrução “desonrou a Justiça”. Para o líder dos socialistas, Harlem Désir, estes ataques à Justiça francesa são “insuportáveis”.
Correcção dos termos da acusação às 16h58