"O Sporting merecia outros candidatos e eu merecia outros adversários"

Última entrevista aos candidatos ao Conselho Directivo do Sporting. Bruno de Carvalho Couceiro é o líder da Lista B.

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Bruno de Carvalho foi contundente em relação aos adversários nas eleições Bruno Simões

Que experiência tem para dirigir o futebol do Sporting?
Se estamos a falar ao nível do meu passado como jogador de futebol, já me deram a certeza que eu, enquanto jogador de futebol, era tão mau quanto o José Couceiro. Aí temos um currículo semelhante. Mas na nossa estrutura de futebol contamos com o Virgílio, um jogador campeão pelo Sporting, e também com o Inácio, que foi campeão por este clube enquanto jogador e treinador e está a fazer um grande trabalho no Moreirense. Há ainda uma terceira pessoa que está na Academia e tem um passado irrepreensível, mas que ainda não posso dizer quem é. Estas são as tais pessoas de terreno e de sucesso. Se consigo montar uma equipa destas é porque as pessoas me reconhecem valor e liderança para dirigir o clube e o futebol. E José Couceiro, por exemplo, tem plena consciência das minhas qualidades, até porque aceitou fazer parte da minha candidatura há dois anos, em que era o terceiro elemento da estrutura de coordenação para o futebol. Estranho agora algumas das suas críticas, ao dizer que eu não conheço o futebol, não tenho passado e que posso não ser íntegro. Não me consigo esquecer que José Couceiro foi subalterno de Luís Filipe Vieira, no Alverca, e de Pinto da Costa, no FC Porto.

Considera que tem um mau currículo para um presidente do Sporting?
Ele foi administrador na SAD do Alverca e, quando foi convidado para ser treinador desse clube, aceitou com alívio, por considerar que era essencialmente um homem do terreno. Já se viu que, quando tem alguma situação de responsabilidade, não fica à vontade, porque é um treinador, mau, mas é um treinador. Ele não é o tipo de homem do terreno que o Sporting quer. Conta histórias, mas ainda não lhe ouvi nada sobre um projecto desportivo de qualquer natureza. Ele disse que começou em Dezembro do ano passado a conversar sobre o Sporting, para começar a preparar uma candidatura, mas nessa data estava ele a negociar com Godinho Lopes o regresso ao Sporting como manager e como treinador. Só não veio para Alvalade porque o presidente do Sporting já tinha um acordo com Vercauteren. Acho que a candidatura dele é uma grande irresponsabilidade. Terá os votos anti-Bruno de Carvalho. E nem trará nenhum valor acrescentado em termos daquilo que é uma estrutura desportiva com sucesso, porque não sabe o que isso é. Não tem passado nenhum. Vejo agora os meus dois adversários a atacarem ferozmente Godinho Lopes e pergunto-me onde é que andavam as críticas deles nos últimos dois anos. Nunca os vi numa assembleia geral, e, se foram, não intervieram. Não saíram da sua zona de conforto para denunciarem o que se estava a passar. Não gosto desta hipocrisia. E é por isso que os sportinguistas me vão dar a vitória. O Sporting merecia outros candidatos e eu merecia outros adversários. Eu, Bruno de Carvalho sócio, tenho pânico do que poderá acontecer se eu, Bruno de Carvalho, candidato a presidente, não ganhar.

Qual é o seu projecto para o futebol?
Queremos simplificar processos e optimizar recursos. Teremos uma coordenação pluridisciplinar de três elementos, depois teremos um departamento técnico (que visa as questões técnico-tácticas da formação), que estará em coordenação com o plantel principal, que será quem irá definir qual o tipo de jogador profissional que pretende. Teremos depois um departamento de metodologia do treino, que visará as questões físicas da formação em sintonia com a equipa sénior. Haverá ainda o departamento de alto rendimento, onde estará incluído o departamento médico e que irá trabalhar em articulação, transversalmente a todas as modalidades. Teremos também um departamento de scouting, que irá fazer a observação dos jogadores emprestados e fazer a análise e visionamento dos jogos próprios e dos dos adversários. Este último departamento irá ainda fazer o recrutamento externo para a equipa A, B e formação. Com isto, conseguimos um projecto transversal para o futebol que nos permite ter a certeza absoluta de que vamos ter uma política desportiva, com base na formação, com sucesso.

Qual será o orçamento para o futebol profissional?
Entre 25 e 30 milhões de euros. Mas digo também que muitas vezes não é aquele que gasta mais dinheiro que é campeão.

O Sporting corre o risco efectivo de ser afastado das competições europeias por não cumprir os critérios de fair-play da UEFA?
Corre já hoje esse risco. Os critérios de fair-play da UEFA começam a ter efeitos na temporada 2014-15 [quando os clubes participantes nas competições deste organismo forem penalizados se ultrapassarem os 45 milhões de euros de perdas nos três anteriores exercícios]. Como na temporada passada a SAD teve um resultado de 47 milhões de euros negativos e esta já irá em 23 milhões… A solução poderá passar por uma negociação com a UEFA e com muito esforço, mas não há milagres. Vamos fazer o nosso melhor.     

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