Líder do PKK apela ao cessar-fogo e à retirada dos combatentes da Turquia
Anúncio de Abdullah Öcalan é visto como "um dos passos mais importantes de sempre na história deste conflito".
"Que as armas se calem e que a política prevaleça", afirmou Öcalan, que está preso numa cadeia turca há 15 anos, numa declaração citada pelas agências internacionais. "Chegou o momento de as nossas forças armadas se retirarem para além das fronteiras. Não é o fim; é o início de uma nova era", defendeu o fundador do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
O apelo ao cessar-fogo surge uma semana depois de o PKK ter libertado oito reféns turcos que tinham sido capturados no Iraque em 2011 e na sequência de um roteiro para a paz delineado pelo próprio Abdullah Öcalan, de que se destacam três passos: o cessar-fogo, a retirada dos combatentes do PKK da Turquia para o Norte do Iraque e o desarmamento dos guerrilheiros. O plano de Öcalan deixa cair a exigência da criação de um Estado independente, mas sublinha a necessidade de a Constituição turca reflectir uma maior protecção dos direitos do seu povo.
"O facto de o PKK não querer retirar todos os seus combatentes antes do anúncio da nova Constituição [turca] significa que quer guardar um trunfo para as negociações com vista às alterações constitucionais. Mas o Governo [turco] parece ter aceitado essas condições", disse ao jornal The Guardian Mesut Yegen, especialista no conflito armado que começou em 1984 e que já fez mais de 40 mil mortos. Yegen não tem dúvidas quanto à importância do anúncio desta quinta-feira: "O anúncio do cessar-fogo será um dos passos mais importantes de sempre na história deste conflito."
Numa declaração proferida na segunda-feira aos media turcos, o ministro da Justiça da Turquia, Sabdullah Ergin, disse esperar que o roteiro delineado pelo histórico líder do PKK esteja concluído até ao final do ano.
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão é uma organização armada que luta desde 1984 pela criação de um Estado autónomo no Sudeste da Turquia, zona maioritariamente curda, e considerado uma organização terrorista pela União Europeia e pelos EUA. O seu fundador, Abdullah Öcalan , foi capturado no início de 1999 pelos serviços secretos turcos no Quénia, onde se encontrava refugiado. O Tribunal de Segurança do Estado condenou-o à morte, pena que seria comutada três anos depois para prisão perpétua, quando Ancara decidiu abolir a pena capital.