Continua o luxo: Hermeto Pascoal, Trilok Gurtu e Rachid Taha em Sines

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A actuação de Hermeto Pascoal em Sines, em 2005, adquiriu um estatuto quase mítico na história do festival: está de regresso a 20 de Julho

Já sabemos que, em jeito de comemoração, o 15.º Festival Músicas do Mundo (FMM), em Sines, apresentará um cartaz de luxo no que diz respeito ao circuito da world music. A ideia é que muitos dos nomes que mais imprimiram a sua marca em passagens anteriores pelo palco do Castelo de Sines regressem e ajudem, entre 18 e 27 de Julho, a dar forma a uma espécie de best of do festival. Depois de o Ípsilon ter noticiado em primeira mão a presença da embaixada maliana composta por Amadou & Mariam, Rokia Traoré e Bassekou Kouyaté, podemos agora avançar que o FMM voltará a receber igualmente o jazz brasileiro de Hermeto Pascoal, as percussões indianas de Trilok Gurtu em duelo com o pianista Tigran Hamasyan e a estrela franco-argelina do "rock'n'raï" Rachid Taha.

A Hermeto Pascoal não se lhe conhece nenhum novo álbum que motive concertos ou digressões. Histórico da música brasileira, criador exemplar a cruzar o jazz com os ritmos tradicionais do seu país, como o frevo, o forró, o samba ou o choro, é um crente absoluto na integração dos sons da natureza na sua própria música, afirmando que os seus primeiros ensinamentos vieram das melodias cantadas pelos pássaros ou das orquestras formadas por sapos. A sua discografia está repleta de momentos de génio, como Slaves Mass (1976) ou Só Não Toca Quem Não Quer (1987) e a actuação no FMM em 2005 adquiriu estatuto quase mítico na história de Sines. A 20 de Julho, oportunidade de ouro para ouvir um dos músicos mais admirados por Miles Davis.

O percussionista indiano Trilok Gurtu volta ao Alentejo com um duo merecedor dos maiores elogios. Tigran Hamasyan, de origem arménia, é um dos mais excitantes pianistas a tocar na orla do jazz, colocado nos píncaros por gente como Brad Mehldau e Herbie Hancock. Para Gurtu, "é o próximo Keith Jarrett" e "toca piano como um raga", cruzando uma série de linguagens distintas em que se inclui a música tradicional arménia. O ponto de contacto é precisamente esse: um jazz novo, inesperado, constantemente invadido pelos resquícios da tradição de cada um e que pode descambar em tablas e piano arremessados para o lado para darem lugar a uma batalha vocal. A 26 de Julho.

A mesma data acolhe nova visita de Rachid Taha (entrevista no próximo Ípsilon). E a notícia não podia ser melhor porque Taha lança por estes dias Zoom, um dos melhores álbuns dos seus 30 anos de carreira, voltando a juntar rock e raï, fazendo conviver num mesmo tema homenagens a Elvis Presley e Oum Khaltoum. A produção de Zoom coube às milagrosas mãos de Justin Adams (metade do duo JuJu, com o gambiano Juldeh Camara, com o qual actuou o ano passado também no FMM). Zoom conta ainda com participações de Mick Jones (ex-Clash) e Brian Eno.

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