Suspeito de furto de chifres de rinoceronte foi detido pela PJ
Homem foi detido na Alemanha e extraditado para Portugal.
O suspeito, de 44 anos, é de nacionalidade irlandesa e foi detido, a 15 de Fevereiro, na Alemanha, no “âmbito da investigação ao furto de dois chifres de rinoceronte, de elevado valor”, diz um comunicado da PJ. Após a sua identificação pela Directoria do Centro da PJ, procedeu-se à detenção e extradição do homem irlandês para Portugal, a 3 de Março.
"Tendo sido emitido um mandado de detenção europeu, pela autoridade judiciária competente, contra esse suspeito, este viria a ser localizado e detido na Alemanha, país de onde foi extraditado para Portugal", lê-se na nota publicada pela PJ.
Segundo uma fonte citada pela agência Lusa, o homem detido já foi presente ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, que decidiu, como medida de coação, a proibição de se ausentar sem autorização da sua área de residência e a obrigação de se apresentar diariamente às autoridades. A mesma fonte referiu que o detido "não será o único" alegado autor do crime e que este "executou ou ajudou a executar aquele crime".
Esta fonte, da PJ, acredita que o detido e ainda outros suspeitos envolvidos no tráfico de chifres de rinoceronte podem estar ligados a uma rede de tráfico de carácter internacional e de grande dimensão, que usa Portugal como plataforma de envio destes materiais que terão como provável destinatário a China.
Em Abril de 2011, os assaltantes arrombaram a porta do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, já depois da hora de fecho ao público. O grupo partiu a vitrina onde estavam os dois chifres de rinoceronte, parte da exposição permanente do Museu que remonta ao século XVIII. Estes dois artefactos, que já estavam no espólio do museu desde o seu primeiro director, estavam expostos numa sala apenas acessível por visitas programadas e foram os únicos materiais a ser levados pelos assaltantes.
Paulo Gama Mota, director do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, acredita que os contornos do assalto revelam “um processo que claramente indicava que tinha havido prospecção anterior”. “Obviamente era para o mercado asiático, onde existe uma crença, errada, que está a conduzir à dizimação dos rinocerontes, de que estes chifres têm propriedades curativas”, disse o director sobre o provável destino dos materiais roubados.
Após o roubo, o museu colaborou na investigação levada a cabo pela PJ no sentido de capturar os autores do crime e de recuperar os "objectos inestimáveis muito antigos, belíssimos exemplares que provavelmente se terão perdido". Desde então a instituição tem sido chamada a identificar os chifres apreendidos, sendo que, até agora, nenhum dos materiais recuperados pertencia ao museu. "Se eles foram postos em comércio, com a utilização que normalmente é dada a este material, eu acho que eles terão sido destruídos, mas não sabemos", declarou o director do museu.
“Para nós é uma satisfação constatar que a justiça está a conseguir actuar e deitar a mão a este bando que destrói património e que está a destruir os animais também”, comentou, relativamente à detenção do suspeito. Paulo Gama Mota lamenta que, em Portugal, a moldura penal para estes crimes seja “limitada” e haja “pouca protecção”. Segundo o director, a África do Sul é o único país que prevê pena de prisão directa para estes casos.
Em Setembro de 2011, a PJ já tinha detido no aeroporto de Lisboa um pai e um filho, de nacionalidade australiana, suspeitos de pertencerem a uma organização criminosa de tráfico de chifres de rinoceronte. Os australianos preparavam-se para embarcar num voo com destino a Dublin (Irlanda), levando consigo, escondidos dentro das malas, dezenas de chifres de rinoceronte, avaliados no valor comercial de 500 mil euros.
À data do acontecimento, os detidos estavam referenciados pelas polícias internacionais devido à presumível ligação a uma organização criminosa de recepção, furto e contrabando de chifres de rinoceronte. “Estes indivíduos, seguramente, mantiveram contactos com outros indivíduos em Portugal, parecendo-nos que Portugal poderá ser uma placa giratória deste tráfico”, disse, na altura, Rui Almeida, director nacional adjunto da PJ.
O roubo dos dois chifres de rinoceronte, propriedade do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, faz parte do rol de uma série de assaltos da mesma espécie, ocorridos tanto em Portugal, como por toda a Europa: museus na Inglaterra, Bélgica, Alemanha, França e Itália, assim como um palácio checo, reportaram de furto dos chifres de rinoceronte em 2011. Já neste ano, foram roubados cinco chifres de rinoceronte, no Museu de Caça, em Vila Viçosa.