Marcelo: Vítor Gaspar perdeu credibilidade, “parece um astrólogo”
Abril e Maio serão “meses complicados” para o Governo. Passos “devia pensar a sério numa remodelação”.
“Parece um astrólogo, não parece um ministro das Finanças. Perdeu larguissimamente a credibilidade”, sublinhou o antigo presidente do PSD, para quem o “fracasso” no défice do ano anterior – que ficou muito acima do previsto pelo Governo – foi o pior dos números apresentados na sequência da sétima avaliação da troika.
Marcelo considera que o aumento dos números do desemprego, o agravamento da recessão e a falta de confiança de cidadãos e investidores poderiam ser tratados como consequência da crise. Mas que os consecutivos erros na previsão do défice orçamental de 2012 põem em causa a capacidade técnica de Vítor Gaspar.
O comentador, que disse acreditar que o ministro das Finanças percebeu que está a ser posto em causa, defendeu que o Executivo não deve fazer previsões “que já sabe que vão ser desmentidas”. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que “manter o prestígio externo fica difícil quando se começam a ter muitos problemas internos”.
“O primeiro-ministro devia pensar seriamente numa remodelação [governamental]”, afirmou Marcelo, alertando para a crise política que eventuais eleições antecipadas para este ano poderiam causar no país, a meses das autárquicas e com a União Europeia “refém das eleições alemãs” e a braços com o resgate “politicamente criminoso” a Chipre. “O Governo deve estar a pensar em eleições antecipadas para 2014.” Não concretizou, contudo, se Gaspar deve ou não sair.
O social-democrata antecipou Abril e Maio como “meses complicados” para o Governo, com a decisão do Tribunal Constitucional sobre a legalidade de algumas das medidas previstas no Orçamento do Estado para 2013, o debate com troika sobre novos cortes na despesa pública e o discurso do Presidente da República no 25 de Abril.
Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu mesmo que Cavaco Silva “devia pensar em convocar um Conselho de Estado” por essa altura. O comentador teme que os novos cortes na despesa a negociar com a troika sirvam para “juntar recessão à recessão”. “A economia existe para as pessoas, existe para criar emprego.”