A “rede social” no seu esplendor: quase sem mostrar computadores (mas é por um deles que chega a imagem pornográfica que influencia o delírio da garota), e mergulhado numa bolsa nórdica cheia de arcaísmos e atavismos (como rituais de passagem, entre outros), Vinterberg faz o filme que se calhar o Social Network de Fincher devia ter sido, mostrando o horror do momento em que na “comunidade” desperta uma irreprimível vocação patrulheira e acusatória. Cercado por uma diabólica progressão de dislikes, o pobre Lucas está condenado ao inferno da exclusão, só metaforicamente mais suave do que o linchamento pela forca que o esperaria se isto fosse um western (que, em parte, é: a “rede social” também funciona por suspensão da Lei, mesmo se a suspende em nome da própria Lei). Duro e desesperado (o final é um sonho, não?), A Caça passa uma esponja sobre a tralha que Vinterberg pôs cá fora desde A Festa. E mesmo em relação a esse filme - cuja memória, confessamos, se desvaneceu bastante - parece haver uma diferença de monta: A Caça é um filme de um homem adulto, quer dizer, sozinho.
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