Amadeu Guerra toma posse como director do DCIAP
O procurador-geral adjunto Amadeu Guerra toma posse nesta segunda-feira como director do DCIAP), onde se investigam processos de grande complexidade. Sucede a Cândida Almeida.
Foi indicado pela procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal. Em 19 conselheiros, incluindo a procuradora-geral, 16 pronunciaram-se favoravelmente e apenas três se opuseram à sua designação para a direcção do DCIAP, organismo da dependência directa da Procuradoria-Geral da República.
Segundo de cinco filhos de uma família humilde chefiada por um cabo da GNR nascido numa pequena aldeia do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, Amadeu Guerra é natural de Tábua, no distrito de Coimbra, e passou a adolescência em Lisboa.
Na Faculdade de Direito de Lisboa, passou despercebido: não há muitos que se lembrem dele. À medida que os anos passavam, foi construindo a sua reputação. "É competentíssimo, honestíssimo e não é permeável a pressões", observa o juiz desembargador Varges Gomes, que com ele trabalhou na Comissão Nacional de Protecção de Dados. "Trata-se de uma pessoa com princípios e valores como já não é fácil encontrar."
"Tem um feitio muito beirão", confirma outra fonte de informação que conviveu com Amadeu Guerra também vários anos. "Se não o deixarem fazer o seu trabalho com independência e sossego, é capaz de virar as costas e ir-se embora. Não é pessoa para ficar a fazer fretes." Não lhe são conhecidas quaisquer ligações ou sequer simpatias políticas. As suas causas relacionam-se mais com a defesa dos direitos da cidadania e dos trabalhadores, áreas onde, aliás, tem obra publicada. Teimoso, sim, mas capaz de dar a mão à palmatória, elogia a mesma fonte.
Há um ano, no congresso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, o novo director do DCIAP defendeu o combate à corrupção e deu indicações para a renegociação das PPP (Parcerias Público- Privadas).
Com uma carreira de mais de 33 anos no Ministério Público (MP), Amadeu Guerra exercia as funções de coordenador do MP no Tribunal Central Administrativo do Sul. Um procurador deste tribunal elogia-lhe também o profissionalismo e a dedicação à causa pública. "É uma pessoa cheia de qualidades humanas e técnicas, muito acima da média da maioria dos procuradores", refere Carlos Monteiro.
Cândida Almeida, que nos últimos 12 anos dirigiu o DCIAP, não foi reconduzida pela procuradora-geral da República, que decidiu investigar alegados casos de violação do segredo de justiça. Uma informação que veio a público a 18 de Fevereiro.