Caso Bárcenas vai ser investigado com o da rede Gürtel de corrupção de políticos do PP

Há correspondências entre a contabilidade paralela do ex-tesoureiro do Partido Popular espanhol e os casos já investigados pela polícia da trama que liga empresários e políticos corruptos

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Paul Hanna/REUTERS Há coincidências entre os apontamentos do ex-tesoureiro do PP e a investigação da polícia sobre o caso Gürtel

O juiz da Audiência Nacional Pablo Ruz decidiu assumir os dois casos. Isto depois de receber um relatório da Unidade de Delinquência Económica e Financeira da polícia sobre a relação entre os nomes e quantias mencionados nos cadernos manuscritos – ao que tudo leva a supor, com a letra de Bárcenas – e a trama corrupta Gürtel.

Segundo o El País, é possível inferir que há uma “correlação entre ambas”. O Tribunal Anti-Corrupção deverá assim terminar a investigação sobre Bárcenas que entretanto iniciou, deixando caminho livre ao juiz Ruz.

Há pelo menos três conexões entre os dois casos, que dizem respeito ao ex-secretário do PP galego, Pablo Crespo, número 2 de Francisco Correa, um empresário que é tido com um dos cabecilhas da teia Gürtel e chegou a ser estar em prisão preventiva em 2009, e também ao empresário Alfonso García Pozuelo, da Construtora Hispânica.

No cofre de Crespo foram encontrados documentos que indicam uma dupla facturação nas campanhas eleitorais de 1997 e 1999, e uma nota em que o PP nacional surge como fiador de 21 milhões de pesetas. No caderno de Bárcenas surge a mesma referência, sob o nome “P. Crespo”.

Alfonso García Pozuelo, imputado no caso Gürtel, surge como tendo contribuído para o PP com 12 milhões de pestas em 2000 – e a polícia diz que este dinheiro é “compatível com as entradas anotadas na contabilidade paralela do empresário Francisco Correa correspondente às eleições galegas” entre 1999 e 2001.

Finalmente, em documentação apreendida ao contabilista da rede Gürtel consta a recepção de 600 mil euros dados por García Pozuelo, que seriam comissões pagas por adjudicações de obras à sua empresa. Este dinheiro era depois repartido pelos membros da rede – até o próprio empresário recebia algum de volta, no caso um envelope com 60 mil euros. Nos “papéis de Bárcenas” consta, uma semana depois, essa repartição de comissões, com uma entrada de 60 mil euros procedente de García Pozuelo.

 

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