Morreu o artista plástico Eduardo Nery
O óbito ocorreu este sábado, devido a "causa súbita." Funeral marcado para segunda-feira.
Nascido em 1936, formado em pintura pela Escola de Belas-Artes de Lisboa, foi um dos artistas mais activos da sua geração, aquela que, na década de 60, conseguiu pela primeira vez estabelecer um paralelismo com a arte internacional sua contemporânea. Interessou-se pela Pop, praticando colagens e fotomontagens inesperadas, e logo a seguir pela arte Op de Vasarely, de que é considerado o único representante em Portugal. Este movimento, que incidiu sobre o trabalho da cor e os efeitos do movimento na percepção visual, adaptou-se com sucesso aos muitos trabalhos de Nery em arte pública, tanto através do painel de azulejos como dos pavimentos de calçada “à portuguesa”, que também realizou.
Do Centro de Saúde de Angra do Heroísmo, nos Açores, à abstracção dos painéis que ladeiam a Avenida Calouste Gulbenkian ou o Viaduto da Infante Santo, em Lisboa, a sua obra plástica é familiar ao quotidiano de muitos portugueses. Nela avulta o trabalho desenvolvido para a estação do metropolitano do Campo Grande, onde se apropriou da tradicional figura de convite do azulejo do século XVIII, desconstruindo-a em gradações de azul e amarelo. Simultaneamente, no viaduto fronteiro, retomou o processo de colagem preferido nos seus começos de carreira para criar um jogo de figuras inusitadas que decoram os pilares em altura.
Nery, que se destacou também na tapeçaria, na gravura, na pintura mural e no vitral, realizou dezenas de exposições no país e no estrangeiro, da Alemanha ao Egipto, passando pelo Brasil e os EUA, ficará decerto como um dos criadores plásticos portugueses mais destacados no âmbito dos projectos de arte pública.
Uma amiga da família, Mónica Oliveira, referiu à Lusa que o artista tinha vários problemas de saúde e morreu devido a “causa súbita”. O velório vai decorrer no domingo na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, e o funeral está marcado para as 12h de segunda-feira.