Projecções eleitorais antecipam o caos em Itália

Os comentadores italianos já usam palavras graves, como “empate” e “ingovernabilidade”. Um líder do PD defende novas eleições.

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“Empate” e “ingovernabilidade” são as palavras utilizadas pelos comentadores Filippo MONTEFORTE/AFP

Mais de 50 milhões de italianos tiveram um dia e meio para votar e dizer quem querem ver sentar-se no Senado e na Câmara dos Deputados. Os mesmos votos servirão para definir quem formará governo, mas Bersani pode acabar a noite sem celebrar a sua eleição para primeiro-ministro.

A sondagem realizada à boca das urnas pelo Instituto Poli para a Rai dava ao Partido Democrático (coligado com o Esquerda, Ecologia e Liberdade, de Nichi Vendola) de Bersani 38% dos votos, à frente da aliança de centro-direita de Silvio Berlusconi (o seu Povo da Liberdade volta a apresentar-se aliado à Liga Norte), que reunia 30% . Seguia-se o Movimento 5 Estrelas, de Beppe Grillo, com 19%.

Mas a lei eleitoral italiana não é boa para cardíacos e permite sempre uma grande dose de incerta. O prémio de maioria previsto para o partido ou coligação mais votado é atribuído a nível nacional na Câmara dos Deputados mas região a região no Senado.

Segundo as projecções, a coligação de Berlusconi venceu na Lombardia e Campânia, duas das regiões com mais eleitores e as que elegem maior número de senadores. A confirmarem-se estes primeiros resultados, a direita sairá vencedora no Senado, ainda que não obtendo a maioria que poderia levar Berlusconi a reivindicar que o seu campo tem direito a formar governo.

A Mario Monti, o ex-comissário europeu que governou nos últimos 14 meses e agora se candidata à chefia do executivo à frente de vários grupos de centro, e à sua Escolha Cívica, a sondagem da Rai dava 7 a 9% - as projecções confirmam um resultado próximo desses valores.

Com este cenário, Bersani será pelo menos obrigado a negociar uma coligação. Os comentadores italianos já usam palavras mais graves, como “empate” e “ingovernabilidade”. “Se as coisas ficarem assim teremos de fazer imediatamente uma nova lei eleitoral e depois voltar a votar”, defendeu Enrico Letta, secretário-geral adjunto do PD.
 

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