Benefícios com estudos no ensino superior são três vezes superiores aos custos

Comissão Europeia divulga estudo em que defende que gastar em formação superior é um bom investimento.

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Portugal e a Roménia foram os dois países que não investiram no ensino superior, diz relatório Manuel Roberto

De acordo com o relatório Education and Training Monitor 2012, gastar dinheiro em formação superior é um bom investimento: no caso dos homens, os benefícios públicos são, em média, três vezes superiores aos custos públicos; e, no caso das mulheres, são, em média, o dobro do custo associado.

No entanto, Portugal tem cortado no investimento dirigido ao ensino superior: “Em 2009, a maioria dos países europeus encontrava-se em recessão, mas todos eles mantiveram ou aumentaram o investimento em educação, à excepção de Portugal e da Roménia”, lê-se no relatório.

Uma das metas definidas para a Europa – ter 40% dos jovens entre os 30 e os 34 anos com qualificação superior – foi atingida há dois anos por quase metade dos Estados-membros. Portugal ainda está longe da meta, com apenas 26,1% dos jovens com formação superior, em 2011.

Os autores do relatório, divulgado este mês, acreditam que será possível atingir aquela meta até 2020, apesar de "alguns Estados-membros ainda terem consideráveis progressos a fazer para conseguir atingi-la".

Na próxima década, a procura de profissionais com elevados níveis de formação vai aumentar, ao contrário dos profissionais com menos qualificações, que serão menos requisitados. A União Europeia estima que, em 2020, os empregos com qualificação superior passem a representar 35% do mercado de trabalho, enquanto os empregos com qualificação média representarão metade das ofertas do mercado de trabalho e os empregos com baixa qualificação vão reduzir de 20% para 15%.

Apesar de os diplomados terem cada vez mais dificuldade em arranjar emprego, é entre os detentores de grau académico que existem as mais elevadas taxas de empregabilidade.

Os técnicos da Comissão Europeia sublinham que o investimento em educação é a chave para o crescimento da Europa, recomendando aos Estados-membros a realização de reformas que aumentem a performance e eficiência dos sistemas de ensino.

"A educação é parte da solução para combater o impacto da crise, mas apenas se o investimento for eficiente", lê-se no relatório, que alerta para a necessidade de "aumentar, com urgência, os esforços para combater o abandono escolar": "As expectativas de abandono escolar estão a agravar-se", existindo grandes disparidades entre países e género dos alunos.

O relatório chama ainda a atenção para o "preocupante número" de jovens com 15 anos, com dificuldades na leitura, em matemática e nas ciências. Novamente, a média europeia esconde uma desigualdade de géneros que, neste caso, é mais prejudicial para os rapazes: a percentagem de alunos com carências de aprendizagem é o dobro da das raparigas.