Talvez a vida secreta que mantinha e a paixão privada que cultivava fossem para ser isso mesmo: secretas e privadas. Mas quando o trabalho de Vivian Maier foi casualmente descoberto, já depois da sua morte, aquela que parecia ser a vontade da ama-fotógrafa (ou fotógrafa-ama?) não mais pôde ser respeitada. A história que fez vibrar o mundo da fotografia vai agora ser contada num documentário chamado “Finding Vivian Maier”.
O filme dá vida à descoberta de John Maloofs, agente imobiliário que, em 2007, investiu 380 dólares (cerca de 285 euros) numa caixa com 30 mil fotografias e negativos de um fotógrafo desconhecido. Maloofs procurava apenas imagens que pudessem ilustrar um livro que estava a escrever sobre Portage Park, em Chicago. Mas ao ver as imagens de Chicago e de Nova Iorque dos anos 50 e 60, o jovem, na altura com 26 anos, percebeu que o que tinha em mãos era bem mais valioso.
Por isso comprou mais: juntou 100 mil negativos, milhares de fotografias, 700 rolos, filmes caseiros, entrevistas de áudio e câmaras originais. Comprou (e isso ele ainda não sabia) dois passaportes para a fama: o de Vivian Maier, a fotógrafa desconhecida, e o dele mesmo.
Filme em fase de produção
“Finding Vivian Maier”, cujo trailer foi agora lançado, é mais um passo de John Maloofs para o reconhecimento do trabalho de Vivian Maier – depois do blogue, do livro e de inúmeras exposições, um pouco por todo o mundo.
Realizado pelo próprio Maloof e por Charlie Siskel, o filme — que conseguiu financiamento através do Kickstrarter — está neste momento a ser produzido, não havendo previsões para a data de estreia.
Pelo trailer é possível perceber que a intrigante pergunta que milhares de pessoas já fizeram — por que é que Vivian Maier nunca mostrou o seu trabalho a ninguém? — é a mesma que as pessoas mais próximas de Maier continuam a fazer hoje. E para a qual também não encontram resposta.
Descrita como “muito reservada” e “fechada”, Maier encontrou a fama que não procurou depois de morrer, no dia 21 de Abril de 2009, com 83 anos. Nasceu em Nova Iorque, cresceu em França e regressou aos EUA, a Chicago, para viver como ama durante 40 anos. Foram três pessoas de quem tinha sido ama que a sustentaram no final da sua vida.