Relvas interrompido por “Grândola Vila Morena”: “Governo só vai embora em 2015 se portugueses quiserem”

Ministro participou em debate em Gaia e ouviu protestos.

“Este Governo só se vai embora em 2015 se os portugueses quiserem. Em 2015, Portugal estará melhor do que está hoje”, garantiu o ministro no debate sobre o “Momento Político” do Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia, momentos depois de ser vaiado e interrompido por um grupo de cerca de 20 manifestantes que entoou a música “Grândola Vila Morena”, a mesma que Passos Coelho ouviu no Parlamento no debate quinzenal.

A música surgiu precisamente quando Relvas se referia ao retrato da economia nacional. O grupo, sem qualquer ligação a partidos políticos e cujos membros garantiram que se formou de forma espontânea, entoou a música de Abril enquanto erguia cartazes contra a “política de direita”.

A interrupção, que durou cerca de 10 minutos, provocou mal-estar na sala e uma acesa discussão com o moderador e fundador do clube, Joaquim Jorge. O grupo exigiu mesmo a demissão do ministro e fez referências ao PREC – Processo Revolucionário em Curso. “Fascismo nunca mais. Basta de políticas de direita” e “este Governo é de gatunos” foram algumas das frases ouvidas.

Relvas sorriu e chegou mesmo a entoar alguns versos da música. “O povo é sereno”, garantiu no final. Após a interrupção, o grupo abandonou a sala ao mesmo tempo que acusava a organização do debate e o próprio ministro de ter “carros da polícia com vários elementos à civil escondidos”.

No interior da sala onde decorreu o debate, uma dezena de elementos do Corpo de Segurança Pessoal da PSP garantiu a segurança de Relvas.

“A pior coisa que um político pode fazer é amedrontar-se. Tem de levar as suas convicções até ao fim. A melhor maneira de ter medo é ter coragem”, sublinhou Relvas.

O ministro garantiu que “será possível baixar os impostos” no final do programa de assistência financeira, na mesma altura “que será possível fazer voltar os jovens que foram obrigados a sair do país”. Relvas defendeu ainda a necessidade de “investir nas pequenas e médias empresas, que são o coração da economia”.

O debate continuou muito tenso com boa parte do público a gritar, por várias vezes, as palavras “fascistas” e “gatunos”. O moderador do debate, Joaquim Jorge, teve de mandar “calar” frequentemente o público. “Este é o debate mais difícil da minha vida”, disse Joaquim Jorge.

Já Relvas garantiu que não estava ali para ser “julgado”. “Não vim aqui para ser julgado. Tenho uma vida íntegra e clara”, disse o ministro ao mesmo tempo que vários elementos do público o acusavam de “falta de dignidade”. “Os resultados falarão por nós no final da legislatura”, respondeu Relvas, que no final saiu pelas traseiras do hotel onde decorreu a conferência.

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