Passos Coelho diz que desemprego deve aumentar e que previsões podem falhar
O primeiro-ministro afirmou que o desemprego está "razoavelmente" de acordo com as previsões, mas que, dependendo das exportações e dos indicadores da Europa, as previsões do Governo podem mudar.
O primeiro-ministro falava aos jornalistas à saída do 1º Seminário da Associação Nacional de Franchising. Confrontado pelos jornalistas com os novos dados do desemprego divulgados nesta quarta-feira, Pedro Passos Coelho afirmou que o desemprego é “a maior preocupação do Governo no que diz respeito ao programa de ajustamento”, mas disse também que os números estão “razoavelmente em linha” com as previsões.
O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) revelou nesta quarta-feira que a taxa de desemprego no último trimestre de 2012 ficou nos 16,9%, a taxa mais elevada de que há registo e que representa agora 923 mil pessoas. No mesmo período de 2011, a taxa de desemprego encontrava-se nos 14%, o que traduz o crescimento de 2,9 pontos, ou 152 mil desempregados, em apenas um ano.
A taxa de desemprego anual ultrapassou as previsões do Governo e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que apontavam ambos para uma taxa de 15,5%, menor do que os 15,7% divulgados nesta quarta-feira pelo INE. Para 2013, o Governo estima que o desemprego anual se fique pelos 16,4%.
Previsões do crescimento podem estar em causa
Pedro Passos Coelho voltou a reforçar a posição do Governo, ao afirmar novamente que a retoma económica “terá que ser algures ao longo deste ano”. Mas o primeiro-ministro admitiu que, também em matéria de exportações e crescimento, o Governo pode alterar as suas previsões no caso de persistir o abrandamento das exportações. "Se os sinais de abrandamento do ritmo das exportações persistirem, poderemos ter de fazer ajustamentos [às previsões económicas de 2013]”, disse Passos Coelho, citado pelo Jornal de Negócios.
O primeiro-ministro não ligou também o início da inversão da tendência de recessão económica com uma melhoria imediata no campo do emprego. Passos Coelho diz que só quando se verificar uma retoma é que o Governo vai poder trabalhar de forma a conseguir “estancar” o crescimento do desemprego.
Esta retoma económica acontecerá mesmo face às “notícias menos positivas da Europa” e à fraca procura interna. Isto porque, afirmou o primeiro-ministro, a inversão de tendência em Portugal por via do consumo interno deve acontecer em 2014.
Ao longo de 2013, Portugal deve assegurar uma inversão de tendência por via das exportações para fora da zona euro. “Se é verdade que as notícias do contexto europeu não têm sido positivas”, disse Passos Coelho, “Portugal tem sido bem sucedido em dirigir a sua actividade económica para fora [da comunidade europeia].”
Nesta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatísticas divulgou que as exportações caíram 3,2% em Dezembro, quando comparadas com o mesmo mês de 2011. Ao longo do ano, as exportações aumentaram 5,8%.