Matadouro e fábrica suspeitos na fraude da carne de cavalo encerrados no Reino Unido

Carne e documentos apreendidos no Norte de Inglaterra e no País de Gales. O caso vai ser discutido esta quarta-feira em Bruxelas numa reunião dos responsáveis da Saúde da União Europeia.

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Primeiras suspeitas recaíram sobre fornecedores de carne romenos Daniel Mihailescu/AFP

Suspeitos de terem fornecido a carne de cavalo, ou de participarem no embuste, o matadouro Peter Boddy e a Farmbox Meats Ltd viram todo o seu material apreendido e a actividade suspensa. Foram confiscadas as carnes, assim como toda a documentação existente nos locais, inclusive listas de clientes.<_o3a_p>

“A FSA suspendeu as operações de ambas as instalações. Tanto a polícia de West Yorkshire [Inglaterra] como a de Dyfed-Powys [País de Gales] entraram nas instalações com a FSA. Foi confiscada toda a carne encontrada e apreendidos documentos”, informa, em comunicado, a agência que é a equivalente à portuguesa ASAE.<_o3a_p>

“Ficaria chocado, se estas alegações se comprovarem”, disse o ministro galês da Agricultura, Alun Davies, citado pelo jornal The Guardian. O ministro que tutela o Ambiente no Reino Unido, Owen Paterson, foi mais duro nas palavras. “É absolutamente chocante. É totalmente inaceitável que qualquer empresa esteja a defraudar as pessoas fazendo passar carne de cavalo por carne de vaca. Espero a aplicação máxima da lei em quem quer que esteja envolvido neste tipo de actividade”, disse, segundo o mesmo jornal.<_o3a_p>

A FSA ordenou uma auditoria a todos os matadouros que trabalham com cavalos no Reino Unido, logo após a fraude ter sido revelada, segundo o director de operações da agência, Andrew Rhodes. Foi na sequência dessas auditorias que se levantaram as suspeitas sobre o matadouro Peter Boddy, de onde a carne terá saído para a Farmbox Meats Ltd, que a processaria e encaminharia para o mercado.<_o3a_p>

A fraude foi descoberta quando foi detectada carne de cavalo em lasanhas ultracongeladas da marca sueca Findus, à venda no Reino Unido e na Irlanda, que, publicitadas como carne de vaca, continham afinal 100% de carne de cavalo. No entanto, pode não ficar por aí: a FSA suspeita que possa ter acontecido também na venda de carne para hambúrgueres e espetadas.

Primeiro caso em França
A acção das autoridades britânicas foi conhecida pouco depois de em França, e também nesta terça-feira, a marca francesa Picard ter confirmado a presença de carne de cavalo nos dois lotes de lasanha à bolonhesa e chili com carne retirados do mercado na semana passada. É o primeiro caso em França.

A investigação preliminar aberta em Metz foi, segundo fonte judicial citada pelo jornal Le Figaro, transferido para a autoridade de saúde pública de Paris. A Picard, que garante a qualidade dos restantes produtos no mercado, informou que vai esperar pelos resultados da investigação “para determinar o nível da fraude”.

A Direcção-Geral da Concorrência, Consumo e do Controlo de Fraudes francesa deve divulgar entre quarta e quinta-feira as conclusões do inquérito administrativo que corre paralelamente à investigação criminal.

A fonte das refeições da Picard era a mesma da usada pela Findus, a francesa Comigel. A Comigel cozinha as refeições depois de comprar a carne através de outra empresa francesa, que usa por sua vez ainda outra firma para comprar a carne na Roménia.

Há, entretanto, indícios de que veterinários e outros responsáveis por controlar a qualidade na indústria alimentar, ao nível dos matadouros e nas fábricas onde são transformados os alimentos, são intimidados para dizerem que se trata de carne de vaca, quando a carne usada é de cavalo. Esta é mais barata e, por isso, é lucrativo usá-la numa fraude.

O caso da “carne de cavalo por vaca” vai ser discutido nesta quarta-feira em Bruxelas numa reunião dos responsáveis pela Saúde da União Europeia.

Em Portugal, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) fiscalizou 53 estabelecimentos, entre 22 e 24 de Janeiro, e “não foram detectadas irregularidades semelhantes às das notícias em Inglaterra e na Irlanda”, disse na sexta-feira à Lusa fonte oficial do Ministério da Economia.

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