Dois comboios descarrilaram na Linha de Cascais
O primeiro comboio descarrilou à entrada da Estação de Caxias, às 8h25, e o outro à entrada da Estação de Algés, às 8h31, ambos no concelho de Oeiras. Um fazia a ligação entre Cascais e Lisboa e o segundo ligava Oeiras a Lisboa.
“Não há feridos, mas há danos consideráveis na infra-estrutura da própria linha”, disse ao PÚBLICO Ana Rita Forjó, assessora de imprensa da CP (Comboios de Portugal). Sobre a possível ligação entre os dois incidentes, separados por um intervalo de seis minutos, "não há ainda nenhuma indicação". "Não sabemos se é uma coincidência ou se estão ligados."
Entre Caxias e Algés, há apenas uma estação, a da Cruz Quebrada.
A porta-voz da Refer, Susana Abrantes, disse que "não pode haver uma relação de causalidade entre um e o outro", mas admitiu que ambos os descarrilamentos possam ter ocorrido pelo mesmo motivo. "Ainda estamos a apurar as causas", acrescentou.
Poucas horas depois dos acidentes, a CP anunciou que abriu um inquérito, sublinhando que "é pura especulação" avançar já com qualquer explicação para o sucedido.
CP assegura transporte alternativo
A circulação deverá continuar interrompida nos dois sentidos entre Oeiras e Algés durante as próximas horas, uma vez que as carruagens terão de ser retiradas da linha através de uma grua. Segundo a CP, os comboios estão a circular normalmente entre Cascais e Oeiras, e entre Algés e Cais do Sodré.
A CP assegura transporte alternativo rodoviário entre Oeiras e Algés, nos dois sentidos. Em Caxias, por volta das 10h50, estavam ainda cerca de três dezenas de pessoas à espera do transporte, enquanto outras optavam por ir de táxi ou por apanhar boleia para Lisboa.
Essa foi a opção de Gonçalo Magalhães, um estudante universitário de 22 anos que ia no comboio que descarrilou em Caxias. Ao PÚBLICO, contou que o comboio em que seguia ia "devagarinho e em marcha à vista". Isto porque "o comboio que ia à frente [e que descarrilou em Algés] estava com uma avaria e esteve parado dez minutos em Paço de Arcos".
À chegada a Caxias, Gonçalo sentiu o comboio "a parar e aos solavancos", até que "parou repentinamente". E continua: "Acho que o outro vinha a danificar a linha. Se este não viesse em marcha à vista, tinha sido uma desgraça."
Um agente da PSP no local, que não quis ser identificado, disse ao PÚBLICO que o primeiro comboio a passar "danificou a linha porque tinha uma avaria". A CP não confirma esta informação. O que descarrilou em Caxias era um comboio rápido, mas teve de seguir em marcha lenta, alegadamente devido ao mau estado da linha.
Outra passageira, Patrícia Silva, 30 anos, que seguia neste comboio rápido, disse que à paragem em Paço de Arcos foi emitido um aviso de que "havia uma avaria com o material". A porta-voz da CP, porém, disse não ter conhecimento deste aviso.
"Senti um barulho estranho", continuou Patrícia Silva, acrescentando que os passageiros continuaram sentados e calmos até que alguém sugeriu que se abrisse a porta porque o comboio tinha descarrilado. "Mas foi tudo muito calmo", assegurou.
Em Caxias, quase três horas depois do acidente, não faltavam pessoas a ver o andamento dos trabalhos dos técnicos, que estão a analisar as carruagens e a apontar problemas nesta linha.
A Linha de Cascais possui o material circulante suburbano mais antigo da CP. A empresa cancelou em 2010 um concurso para a compra de novos comboios para a Linha de Cascais devido à crise e desde então a linha tem sido mantida com remendos e reforço da manutenção.
Já no ano passado, em Maio, houve uma colisão de comboios nesta linha, na Estação de Caxias, que provocou 33 feridos. Um dos comboios colidiu com a parte traseira de outro que se encontrava na estação.
Notícia corrigida às 12h e às 12h30: corrige hora a que ocorreram os descarrilamentos e actualiza informação sobre a interrupção na linha