Sonae e EDP juntam-se no maior projecto de minigeração solar do país
Em 46 lojas da lojas Modelo Continente, milhares de painéis solares vão produzir electricidade suficiente para iluminar 40 mil casas.
Por cima de 46 lojas Modelo Continente – 40 neste momento, restando seis para breve –, espalhados por todo o país, 15.867 painéis solares fotovoltaicos irão produzir 125 GWh de energia ao longo de 25 anos, o equivalente à electricidade necessária para abastecer 40 mil casas durante um ano.
O investimento é da EDP. “Seis milhões de euros”, anunciou nesta quinta-feira António Mexia, presidente da empresa eléctrica, durante a apresentação do projecto, em Torres Vedras. A EDP foi responsável pelo desenho, engenharia e instalação dos sistemas, detendo a propriedade destas centrais de minigeração durante 15 anos.
“A EDP vende a energia à rede e paga à Sonae uma parte da totalidade das receitas obtidas como contrapartida pela utilização do espaço”, explicam as empresas. Após os 15 anos do contrato, a propriedade dos sistemas passa para a Sonae, que passa a comercializar a electricidade.
Para a Sonae, as vantagens são claras: reduz consumos, produz energia e optimiza os preços de contrato de fornecimento de electricidade. A estratégia que prossegue há anos para a diminuição da factura de energia teve, em 2012, resultado já bastante visíveis. Depois de, em 2011, ter conseguido baixar essa conta em 2%, no ano passado, contas provisórias indicam que terá atingido uma redução de 10%, avançou Paulo Azevedo, CEO da Sonae (o grupo a que pertence o PÚBLICO).
“Com este projecto, tornámo-nos o 15.º maior produtor europeu de fotovoltaica em minigeração, o sexto se considerarmos só a área do retalho”, acrescentou Paulo Azevedo. E pelo caminho, evita-se a libertação anual de 12.700 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera.
Face à quantidade de telhados que a Sonae tem em todo o país, este projecto aproveita cerca de metade do potencial que a empresa tem. “Temos muitas lojas onde não é possível instalar painéis, ou porque estão em caves, por exemplo, ou porque os edifícios não têm capacidade em termos de estrutura ou ocupação do telhado, mas considerando apenas aquelas onde é possível instalar, haverá talvez o dobro do que já foi instalado para explorar”, adiantou.
Para António Mexia, a energia fotovoltaica é cada vez mais um negócio competitivo. Os custos têm vindo a baixar e as tarifas tornam a aposta na micro e na minigeração cada vez mais interessante. “Hoje, o investimento que um particular ou uma indústria fizer nestes sistemas estará pago ao fim de oito anos”, assegurou.
Questionado sobre a situação económica e política do país, o presidente da EDP disse que a emissão de dívida portuguesa nos mercados internacionais, ocorrida em Janeiro, “é uma boa notícia e é o início de um processo de consolidação em que importa reduzir o peso do Estado na economia e, a prazo, a carga fiscal porque, sem essa redução, não há investimento nem crescimento”.
No que diz respeito à empresa a que preside, António Mexia adiantou que a EDP ganhou capacidade de endividamento até 2015 para avançar com investimentos, após a entrada de capitais da China Three Gorges e também por recurso ao crédito uma vez que possível obter 1800 milhões de euros no mercado financeiro chinês.