Gigante do sector do papel promete não destruir mais florestas
Grupo Asia Pulp & Paper diz que só utilizará fibra proveniente de plantações. Ambientalistas saúdam, mas com cautela.
A promessa está no centro de uma nova política de conservação florestal do grupo, que durante anos foi acusado de destruir vastas áreas de floresta tropical na Indonésia, para alimentar as suas fábricas. As novas normas, anunciadas esta terça-feira, já estão em vigor e valem para todos os fornecedores da APP e para todas as suas unidades industriais, inclusive na China.
Sob crescente pressão internacional, a APP reviu ao longo de 2012 a sua estratégia para o futuro, culminando agora com a renúncia ao uso de matéria-prima proveniente de florestas virgens. “Só florestas plantadas”, disse à agência Reuters Aida Greenbury, directora executiva de sustentabilidade do grupo. “Estamos a fazer isto para a sustentabilidade do nosso negócio e para o benefício da sociedade”, refere o presidente do grupo, Teguh Ganda Wijaya, citado pela Reuters.
O passo dado pela APP foi recebido por organizações ambientalistas com um misto de entusiasmo e cautela. Para a Greenpeace – que esteve envolvida nas negociações com a empresa e participou da apresentação do seu plano – trata-se de “um enorme avanço” para a protecção das florestas tropicais. “Se a APP colocar integralmente em prática a sua política, assinalará uma alteração dramática de direcção, depois de anos de desflorestação na Indonésia”, diz Bustar Maitar, líder da campanha florestal da Greenpeace naquele país, num comunicado da organização.
A Greenpeace promete estar vigilante quanto ao cumprimento das promessas da APP e já escreveu a outra grande empresa do sector na Indonésia, a Asia Pacific Resources International, a pedir para seguir o mesmo exemplo.
Mais cauteloso, o grupo Rainforest Action Network (RAN) saudou a medida, mas recorda que a APP tem uma longa história de promessas não-cumpridas. “A APP não será vista como uma empresa responsável no mercado enquanto não colocar em prática os seus novos compromissos e encerrar a crise de destruição das florestas e de direitos humanos que causou na Indonésia”, diz a RAN, num comunicado.