Angola suspende actividades da IURD por 60 dias

Inquérito ao acidente que no último dia de 2012 matou 13 pessoas em Luanda leva também à proibição da actividade de seis outras igrejas evangélicas.

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Cartaz de promocão da vigília de 31 de Dezembro DR

Foram também proibidas as actividades de seis outras confissões evangélicas que, “apesar de não estarem reconhecidas pelo Estado”, realizam “cultos religiosos e publicidade”, recorrendo às “mesmas práticas” que a IURD. São elas as Igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém.

As decisões, divulgadas num comunicado dos “Órgãos Auxiliares do Presidente da República”, decorrem do trabalho da comissão de inquérito nomeada por José Eduardo dos Santos após o acidente de 31 de Dezembro, no Estádio da Cidadela. A Procuradoria fará agora o “aprofundamento das investigações e a consequente responsabilização civil e criminal”.

As conclusões divulgadas pela Presidência são muito críticas para a IURD – “mesmo na sequência das mortes e desmaios de pessoas, a Igreja não interrompeu a actividade”. A igreja é acusada de “publicidade enganosa” traduzida no slogan da vigília: “O Dia do Fim – venha dar um fim a todos os problemas que estão na sua vida; doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas, etc. Traga toda a sua família”.

Essa publicidade, conclui o inquérito, “criou no seio dos fiéis e não só uma enorme expectativa de verem resolvidos os seus problemas, tendo por isso atraído para o local do evento um elevado número de pessoas, entre velhos, crianças e doentes”.

A IURD é responsabilizada por ter acolhido no local cerca de 152.600 pessoas, apesar de ter recebido indicações da direcção do complexo desportivo de que o recinto tem apenas capacidade para 30.000. O grupo evangélico concentrou 35.000 pessoas nas bancadas, 30.000 por trás de cada uma das balizas e 57 mil na parte frontal à tribuna. “A  projecção feita pela Igreja quanto ao número de pessoas para aquele recinto não foi realista e pecou por excesso”, refere o inquérito.

A “adesão maciça” suplantou a previsão dos organizadores, levou à sobrelotação do recinto muito antes da hora marcada para o início da iniciativa e dificultou o trabalho da Polícia Nacional, dos serviços médico e de protecção civil.

A partir de agora, a realização de cultos religiosos em recintos fechados, como estádios e pavilhões gimnodesportivos, dependerá da “prévia criação de condições de segurança, assistência e primeiros socorros”, refere também o comunicado.

O acidente no Estádio da Cidadela chamou a atenção para o crescimento da IURD em Angola, onde o culto evangélico reivindica meio milhão de seguidores.

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