Depois da redescoberta, um novo álbum de Rodriguez?

O músico que o documentário Searching For Sugar Man transformou em acontecimento pode editar primeiro álbum em quatro décadas.

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No fim da digressão que iniciará este mês e que passará pelo Primavera Sound, no Porto, Rodriguez poderá gravar um novo álbum

Por agora, está concentrado em mostrar a música dos seus dois discos e algumas versões de músicos que admira, nos concertos que se foram acumulando desde a estreia do documentário Searching For Sugar Man, em 2012, e ao extraordinário impacto que teve, como contamos sexta-feira nos textos de capa do Ípsilon. Mas Rodriguez poderá dar um passo em frente em Junho, no fim da digressão que iniciará este mês e que passará pelo Primavera Sound no Porto. Ou seja, gravar um novo álbum. Foi o que disse à Rolling Stone. Seria o primeiro desde Coming From Reality, editado em 1971.

A proposta partiu de Steve Rowland, que gravou Rodriguez no seu último álbum, o citado Coming From Reality, e que é produtor cujo currículo inclui trabalhos com Jerry Lee Lewis e The Pretty Things ou a assinatura dos The Cure no final dos anos 1970. “[Rowland] Disse-me para lhe enviar algumas gravações, e portanto vou fazê-lo”, revelou o músico de Detroit, de 70 anos, em entrevista telefónica à revista americana. “É certo que quero ouvir o que tem para dizer, porque nesta altura ele está cheio de ideias”. Não só Steve Rowland. Também David Holmes, que remisturou Sugar Man no álbum Come Get I Got It, terá falado recentemente com Rodriguez sobre a possibilidade de este voltar a gravar. Rowland confirma o interesse em trabalhar com o músico, que ainda hoje não compreende como não se tornou um sucesso reverenciado. “Ambos temos ideias sobre como deverá ser o próximo álbum... Queremos voltar a trabalhar juntos, mas, na verdade, isso dependerá de outros envolvidos no seu futuro”.

Rodriguez editou dois álbuns no início da década de 1970, Cold Fact (1970) e Coming From Reality (1971), em que as suas canções à guitarra e as letras de denúncia ou de cru retrato social, comparadas às da folk de Dylan, surgiam envolvidas em arranjos sumptuosos ou pitadas de psicadelismo. Ao contrário do que previam os seus primeiros produtores, Mike Theodore e Dennis Coffey, guitarrista com extenso currículo na Motown, e apesar das boas críticas na imprensa, a música deste filho de imigrantes mexicanos nascido em Detroit, a cidade em que sempre viveu, foi ignorada pelo público. Em 1974, abandonou a carreira musical, regressando ao trabalho na construção civil.

Searching For Sugar Man, documentário realizado pelo sueco Malik Bendjelloul e estreado no festival de Sundance em 2012, conta a sua história. A de como, enquanto Rodriguez abandonava a carreira musical em Detroit, se tornava, desconhecendo o facto, uma celebridade na Austrália e na África do Sul, onde a sua música serviu de banda sonora à oposição ao apartheid. O filme tornar-se-ia um dos acontecimentos do ano, coleccionando prémios, chamando de novo a atenção para a música e a história de Rodriguez (numa escala incomparavelmente maior à que se seguiu à reedição dos seus dois álbuns em 2008, pela Light In The Attic) e terminando 2012 com a nomeação para o Óscar de Melhor Documentário.

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