Incêndio em discoteca brasileira fez 232 mortos
A maior parte dos mortos no incêndio numa discoteca em Santa Maria, Rio Grande do Sul, tinham entre 16 e 20 anos. Fumos tóxicos e esmagamento foram as causas de morte.
Há ainda 116 feridos. O jornal Estado de São Paulo, citando a polícia, sublinha que estes dados são ainda provisórios. A Presidente Dilma Rousseff, que estava no Chile em viagem oficial (participava na cimeira América Latina-União Europeia) , regressou ao Brasil e visitou num dos hospitais de Santa Maria onde há sobreviventes. Na cidade foi decretado um luto oficial de sete dias.
Os frequentadores da discoteca – de nome Kiss, com página própria no Facebook e com a tragédia a ser discutida no Twitter – começaram a ficar intoxicados com o fumo e a multidão entrou em pânico. O major Gerson da Rosa Ferreira da polícia militar, que coordenou a operação de salvamento, disse à Reuters que muitas das vítimas morreram por asfixia ou esmagadas.
Há 48 pessoas hospitalizadas, segundo a AFP, e os hospitais da cidade estão a pedir auxílio médico para tratar dos feridos.
O proprietário da discoteca, cujo nome não foi revelado, apresentou-se de manhã na polícia, mas só será ouvido mais ao fim do dia.
O incêndio terá começado pelas 2h30; quando os bombeiros chegaram ao local, uma hora mais tarde, já havia mortos, relata a AFP. As chamas só foram controladas pelas 7h locais (mais duas em Lisboa). Havia pessoas mortas, asfixiadas, até nas casas-de banho, relatavam os bombeiros.
Segundo a Reuters, havia 500 pessoas na discoteca quando começou o fogo. Mas um segurança que estava no local na altura do incêndio disse ao jornal Estado de São Paulo que haveria entre mil e 2000 pessoas dentro da discoteca. A maioria eram estudantes, uma vez que decorria uma festa da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de Pedagogia, Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia. Está a ser organizado um velório colectivo num ginásio da cidade, de acordo com o site do jornal Estado de São Paulo. Ali também está a ser feita a identificação dos corpos.
Uma série de grupos deveria actuar, ao vivo, na discoteca. A banda Pimenta e Seus Comparsas já tinha tocado. A seguinte, Gurizada Fandangueira, abre sempre os seus espectáculos com jactos pirotécnicos que "disparam" em cada um dos lados do palco, quer esteja a actuar ao ar livre ou em recintos fechados, relata a estação de televisão Globo, que está a fazer uma emissão especial.
Uma fagulha terá incendiado a espuma acústica no tecto da discoteca. A Globo avança que, de acordo com testemunhas, mal o fumo começou a sair do revestimento, pessoas dentro da discoteca tentaram usar os extintores, mas estes iam apagando as chamas exteriores mas não o incêndio nas estruturas internas do revestimento do tecto que se propagaram rapidamente.
As testemunhas ouvidas pela Globo disseram ainda que a discoteca, apesar de ter duas salas em profundidade, tinha apenas uma saída, a porta de acesso à rua. Não tinha outras saídas de emergência - apenas na sala VIP existia uma porta de emergência. Algumas pessoas correram para as casas de banho, esperando encontrar refúgio ou confundindo as portas dos lavabos com saídas de emergência.
O alvará da discoteca tinha caducado em Agosto de 2012, disse o comandante geral dos bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo.
O Governo enviou para aquela cidade quatro especialistas forenses para ajudar na investigação no espaço destruído da discoteca.
Este é o segundo acidente do género mais mortífero que alguma vez aconteceu no Brasil. O pior deu-se em Niterói, na baía do Rio de Janeiro, em 1961, quando uma tenda de circo se incendiou. Morreram então 503 pessoas.