Rei Juan Carlos "apaga" genro do site da monarquia espanhola
Uma medida preventiva depois de o sócio de Urdangarin, que responde por crimes de corrupção, falsificação e desvio de verbas, ter envolvido membros da Casa Real no Caso Nóos.
O nome foi apagado na madrugada deste sábado, relata o jornal espanhol El País, e foi uma resposta à estratégia de outro envolvido no mesmo escândalo (o antigo sócio de Urdangarin) de ligar a Casa Real ao "Caso Nóos".
Iñaki Urdangarin e Diego Torres são acusados de desvio de verbas públicas, corrupção e outros crimes quando dirigiam a Fundação Nóos, cujos estatutos a definiam como uma organização sem fim lucrativos e de promoção do desporto. A empresa é suspeita de desviar verbas públicas atribuídas a eventos promovidos pela Nóos, de falsificar os preços dos serviços contratados e de invetar outros que nunca existiram mas foram pagos.
Há dias, Diego Torres acusou o secretário das infantas espanholas – uma delas, Cristina, casada com Urdangarin – de envolvimento no escândalo. O secretário, Carlos García Revenga, chegou a ser tesoureiro da Fundação Nóos. Torres terá entregue à justiça mensagens de correio electrónico que diz provarem que o rei Juan Carlos intercedeu a favor do genro num negócio.
Os problemas de Urdangarin com a Justiça já levara o rei a retirá-lo da agenda oficial da Casa Real. "Desapareceu" também das fotografias de família. Os habituais retratos da família real no Verão e no Natal já não o incluem, apenas à sua mulher e aos seus filhos. Juan Carlos decidiu ainda, nesta operação para separar o escândalo da monarquia, que a Casa Real seja reduzida o maior número de vezes possível ao núcleo dos reis e herdeiro. O resto (filhas, irmãs, sobrinhos) é a família, um tema distinto.
"A mensagem é clara: Iñaki Urdangarin está fora da Casa. Foi necessário voltar a marcar a distância para responder ao impacte negativo que o 'Caso Nóos' está a ter na imagem da Casa e para travar esta corrente de opinião que interpreta a visita de Urdangarin ao rei, quando este esteve hospitalizado em Novembro, como uma aproximação institucional entre os dois", esclareceu um porta-voz do Palácio da Zarzuela, a sede da monarquia. "A nossa posição é firme: uma coisa é a vida privada e outra é a institucional. E a Casa do Rei vai continuar a defender a sua imagem e a sua reputação. Não vamos ficar quietos e calados", disse o porta-voz ao El País.
A última vez que a família foi vista junta foi em Outubro de 2011, dois meses antes de Urdangarin (oficialmente duque de Palma de Maiorca) ser acusado de desvio de fundos públicos, falsificação e fraude. Em causa está o destino de 470 mil euros entre 2006 e 2007, mas a fraude poderá ascender a vários milhões e poderá envolver ainda as declarações de rendimentos dos acusados.
A próxima audiência de Urdangarin perante o juiz está marcada para 23 de Fevereiro. Antes disso, a 17 do mesmo mês, será ouvido Diego Torres e a mulher deste, Ana Maria Tejeiro. A infanta Cristina não foi considerada arguida ou testemunha.