Aquilo que nos tolhe (um bocadinho) o entusiasmo por Django Libertado é justamente a questão da “linearidade”. Vemos nela - e no modo como Tarantino a cumpre - uma submissão à regra do “pastiche”, a milímetros de ser, só, uma resposta positiva às expectativas de quem vai ver o filme à procura do western-spaghetti (provavelmente, o mais maneirista dos géneros; e maneirismo sobre maneirismo, já sabemos, arrisca a indigestão). Mas era disso, do “pastiche” e do “programa de expectativas”, que Tarantino se tinha brilhantemente libertado em À Prova de Morte e em Sacanas sem Lei, através de estruturas erguidas em distância e em abismo (em “distância” de modelos, em “abismo” sobre a própria ficção). Isto dito, a partir do momento em que Django Libertado entra na mansão do esclavagista DiCaprio (o seu melhor papel de sempre, alguém tem dúvidas?) estamos em plena noite tarantina, diabólico flirt com o Mal traduzido numa enxurrada de palavras (como nos Sacanas, é só a “puissance de la parole”) e numa mascarada que, está-se mesmo a ver, só se vai desfazer à bruta. E assim se rebenta uma nação.
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