Cerco aos islamistas que têm dezenas de reféns na Argélia

Tropas argelinas em volta de campo de gás onde radicais dizem ter 41 reféns de várias nacionalidades. TV local diz que 15 reféns conseguiram escapar.

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Ainda não se sabe exactamente quantos estrangeiros estão reféns dos islamistas no campo perto de In Amenas Kjetil Alsvik/AFP/ Statoil

Um porta-voz dos islamistas veio pedir entretanto que as forças argelinas que cerquem o campo se retirem, e afirmou que tiros disparados por estes deixaram um dos reféns, um japonês, ferido. O número de reféns “é à volta de 41”, disse ainda este porta-voz, enumerando os seus países de origem: Noruega, França, Estados Unidos, Reino Unido, Roménia, Colômbia, Tailândia, Filipinas, Irlanda, Japão e Alemanha. 

A emissora pan-árabe Al-Jazira conseguiu falar com alguns dos reféns, que pediram aos militares argelinos para se retirarem do local. “Estamos a ser bem tratados pelos captores. O Exército argelino não retirou e está a disparar conta o campo. Há cerca de 150 reféns argelinos”, relatou um britânico. Outro refém, identificado como irlandês, disse que a situação se está a deteriorar. “Estamos preocupados com a continuação dos disparos.”

A emissora francesa France 24 falou com um refém francês que contou que alguns dos reféns foram forçados a usar coletes explosivos.

Alguns reféns terão escapado, outros foram libertados
A estação de televisão argelina Ennahar anunciou entretanto que 15 reféns estrangeiros conseguiram escapar aos captores, sem dar mais detalhes. No dia anterior, 30 argelinos tinham também fugido do local. A Ennahar diz que estes argelinos foram libertados e eram, na maioria, mulheres que trabalhavam no local como tradutoras. 

Alguns governos (Irlanda, Japão, Estados Unidos, Reino Unido) já tinham confirmado que se encontravam cidadãos dos seus países neste grupo de reféns, mas não referiram números. Todos dizem que a priopridade é conseguir que os reféns sejam salvos.

Os captores exigem o fim das operações militares francesas no vizinho Mali, e a Argélia já disse que "não negoceia com terroristas".

O campo de gás, explorado pela argelina Sonatrach, pela britânica BP e pela norueguesa Statoil num local remoto do deserto do Sara, é normalmente rodeado de fortes medidas de segurança, impostas pela própria Argélia. As saídas dos trabalhadores estrangeiros do campo, cujo perímetro é patrulhado por militares, são raras, e quando acontecem, são feitas sob escolta.

A ofensiva dos islamistas terá começado com um ataque a um autocarro, que foi repelido pela escolta habitual. Mesmo assim morreram um ou dois estrangeiros (conforme os relatos). O ministro britânico dos Negócios Estrangerios, William Hague, já confirmou que um britânico morreu. Os combatentes islamistas conseguiram depois entrar no campo.

Grupo liderado por temido jihadista
Enquanto isso, surgem mais informações sobre o grupo alegadamente chamado “Batalhão do Sangue” e dirigido por um jihadista e contrabandista bem conhecido dos serviços de informação ocidentais: a espionagem francesa dizia em 2002 que ele era “impossível de apanhar”.

Trata-se de Mokhtar Belmokhtar, iniciado no Afeganistão e treinado no deserto do Sara e na guerra civil da Argélia, que actua tanto no rapto de estrangeiros como no contrabando de cigarros.

E como este grupo decidiu agir, pode esperar-se agora que outros grupos ligados ou inspirados pela Al-Qaeda, no Magrebe ou mesmo noutros locais, decidam levar a cabo acções semelhantes. Esta ocorreu poucos dias depois do inicio da acção francesa, que levou a uma ameaça imediata pelos islamistas de que iriam retaliar.
 
Notícia actualizada às 11h com informação da possível fuga de um grupo de 15 reféns estrangeiros e às 11h10 com declarações de reféns à Al-Jazira
 

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