Os Miseráveis

Um dos críticos de cinema da New Yorker, David Denby, publicou há dias na edição online da revista um daqueles artigos que tem tudo para ser veneno de caixa de comentários. Propunha-se, explicitamente, “salvar” os espectadores que gostaram muito e se comoveram com Os Miseráveis.


Entre outras coisas, recomendava-lhes que procurassem filmes de Minnelli, de Busby Berkeley, os filmes com Fred Astaire... É isso, basicamente: a decadência da civilização cinematográfica mede-se bem pela existência de um filme monstruoso como este, um pastelão balofo e insuportável totalmente cego ao legado da grande tradição do musical americano (do cinema musical e da música, que aqui também é um pesadelo), e pelo facto de uma aberração destas ser vista como um dos acontecimentos do ano e se arriscar a levar uma catrefada de Óscares. Estão bem uns para os outros: foram os Óscares que inventaram Tom Hooper, quando lhe chamaram, parece que sem ninguém se rir, “melhor realizador”, por causa daquela coisa do rei gago. Agora aturem-no, que a nós Deus nos livre.

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