Presidente argentina chama "colonialistas" aos britânicos e exige devolução das Malvinas

A carta de Cristina Kirchner foi publicada, como publicidade, nos jornais britânicos. Londres ganhou a guerra que se travou entre 2 de Abril e 14 de Junho de 1982.

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Soldados argentinos escoltados pelos vencedores da guerra, os britânicos AFP

A carta foi publicada nesta quinta-feira, como publicidade, em dois dos principais jornais do Reino Unido (The Guardian e The Independent) e descreve com grande pormenor a resolução das Nações Unidas de 1960 pedindo "o fim do colonialismo em todas as suas formas e manifestações".

"Em nome do povo argentino, reitero o convite para que seja cumprida a resolução das Nações Unidas", escreveu a Presidente.

Não é a primeira vez que a Presidente, de 59 anos, ataca os britânicos, e o actual primeiro-ministro, o conservador David Cameron, devido à questão Falklands – entre 2 de Abril e 14 de Junho de 1982 a Argentina e o Reino Unido travaram uma guerra pela posse das ilhas, tendo as forças de Londres ganho.

"Os argentinos das ilhas foram expulsos pela Armada Real e, na sequência, o Reino Unido iniciou um repovoamento semelhante ao que fez noutros territórios que colonizou", escreve Kirchner. "Desde então, os britânicos, que são uma potência colonial, recusam devolver o território à República da Argentina, impedindo-a de restabelecer a sua integridade territorial. A questão das Malvinas é uma causa que embaraça a América Latina e a maioria dos governos de todo o mundo que rejeita o colonialismo".

Uma cópia da carta foi enviada para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. E a data da sua publicação é simbólica – foi a 3 de Janeiro de 1833 que as ilhas se tornaram território britânico. O momento foi também escolhido devido à recente decisão do Governo de Londres de baptizar como o nome de Rainha Isabel II uma secção da Antártica (as Falklands situam-se ao largo do extremo Sul da Argentina, na ponta do continente americano), o que Kirchner considerou uma provocação.

Por enquanto, a pressão da Presidente argentina só motivou uma guerra de palavras entre os dois governos. Em Junho de 2012, Kirchner e Cameron encontraram-se na cimeira do G20 que se realizou no México e defrontaram-se sobre o assunto da soberania das ilhas, com o primeiro-ministro britânico a rejeitar a proposta da argentina de negociar o futuro das Falklands.

Cameron anunciou que realizaria, em 2013, um referendo em que os ilhéus escolheriam a que país querem pertencer. E agora o primeiro-ministro britânico veio reafirmar que caberá aos habitantes das Falklands decidirem o seu futuro. O Reino Unido aceitará o resultado dessa votação - marcada para 10 e 11 de Março - e a Argentina deverá fazer o mesmo, sublinhou Cameron. 

 
 

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