BE pede estudos que justifiquem injecção no Banif

“Os sacrifícios das pessoas estão a servir para salvar os bancos privados”, disse o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares

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Oitante estava a tentar alienar o BBI desde Abril Catarina Oliveira Alves

A anunciada injecção, pelo Estado, de 1.100 milhões de euros na operação de recapitalização do Banif foi levada ao plenário da Assembleia da República pelo BE e pelo PCP, que criticaram a operação, qualificando-a como “escandaloso negócio” e dizendo que existe o risco de o país estar perante “um novo BPN”.

“Os sacrifícios das pessoas estão a servir para salvar os bancos privados”, disse o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, durante o período das declarações políticas, que abre a sessão plenária.

O deputado destacou que o “Estado português avança com 1.100 milhões de euros para um banco avaliado em 570 milhões, mas nem assim terá qualquer voz na sua gestão”, que aquele valor “é mais do que o subsídio retirado aos funcionários públicos ou tanto como a sobretaxa de IRS criada agora pelo Governo” e que, tal como aconteceu com o BCP e o BPI, o Estado não terá “voz no dinheiro que injectou”.

“Os cidadãos já viram este filme e, infelizmente, sabem que o final está longe de ser feliz e que saiu bastante caro”, acrescentou, considerando que “as dúvidas” e a falta de “transparência” deste caso exigem “explicações adicionais”. O deputado terminou a sua intervenção anunciando o pedido de documentos ao Ministério das Finanças.

Também o PCP usou o período de declarações políticas para condenar esta injecção de dinheiro num banco, “o escandaloso negócio que o Governo está a cozinhar com o Banif” e que corre “o risco de ser um novo BPN”.

“O rio de dinheiro que corre abundantemente dos cofres do Estado para o sector financeiro é dinheiro roubado aos portugueses por via da imposição de brutais medidas de austeridade”, afirmou o deputado comunista Paulo Sá, que considerou que as transferências para os bancos seriam melhor empregues no financiamento da economia.

No debate que se seguiu a estas declarações, o PS, através do deputado Basílio Horta, lamentou que apesar da recapitalização, os bancos continuem a não dar crédito à economia e às empresas e anunciou que os socialistas vão propor a audição do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, para prestar esclarecimentos sobre esta matéria.

Já Duarte Pacheco, do PSD, acusou PCP e BE de “demagogia”, sublinhando que a recapitalização da banca não significa “dar dinheiro aos bancos”, mas “emprestar” e com “juros muitíssimos superiores” aos que Portugal paga pelo empréstimo da troika.

Por ouro lado, acrescentou, no acordo de recapitalização, o Estado assegura que beneficiará de “dividendos prioritários” e passa a nomear representantes seus na administração do banco, salvaguardando assim o interesse público.

O deputado defendeu ainda que “só uma banca recapitalizada pode verdadeiramente desempenhar o papel de dar crédito e financiamento à economia”.

“Temos de assegurar que a banca recapitalizada vai financiar economia”, sublinhou, acrescentando que porém isso não se consegue em poucos meses.

PCP e BE registaram o silêncio do CDS no debate.