Ministra da Justiça diz que Cândida Almeida não foi feliz

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A ministra repetiu uma frase polémica: “O tempo da impunidade acabou” Miguel Manso

 

A divulgação, pela comunicação social, de buscas à residência e ao escritório do fiscalista Medina Carreira no âmbito do processo Monte Branco pôs uma vez mais a questão da violação do segredo de justiça na ordem do dia no início do mês. “Sabemos de onde vêm essas fugas, mas não podemos prová-lo”, declarou Cândida Almeida. Em entrevista esta noite à RTP, a ministra da Justiça não se coibiu de mostrar que ficou desagradada com essas afirmações. “Serei contida”, referiu Paula Teixeira da Cruz quando lhe foi solicitado um comentário. “Direi que todos nós temos dias menos felizes”.

Na véspera da votação, no Parlamento, de várias das reformas do sistema judicial que tem vindo a preparar, a governante voltou a repetir uma frase polémica, a de que “o tempo da impunidade acabou”, esclarecendo que com ela nunca se quis referir às buscas às residência dos antigos ministros socialistas, mas sim “à cultura que existe em Portugal segundo a qual o dinheiro resolve tudo”.

“Falta irem para trás das grades todos os que têm meios para se eximirem à justiça”, sublinhou Paula Teixeira da Cruz, numa referência aos sucessivos recursos judiciais com que os mais abonados evitam ou, pelo menos, adiam a prisão. A partir de agora, prometeu, tudo vai ser diferente: “No processo civil eliminámos os incidentes dilatórios praticamente todos”. Criticando a tradição portuguesa de “o poder económico viver colado ao poder político”, a ministra admitiu que ainda não conseguiu acabar com a “esquizofrenia” do sistema judicial: “Esta não é a minha justiça ... ainda”.

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