Um tribunal norte-americano proibiu a organização Sea Shepherd, conhecida pelas suas acções directas contra a caça à baleia, de se aproximar além de 500 metros dos baleeiros japoneses nos mares da Antárctida.
A decisão é cautelar, enquanto um tribunal de Seattle julga um processo movido pelo Instituto de Investigação de Cetáceos e pela empresa Kyodo Senpaku, entidades japonesas que estão envolvidas na caça à baleia, alegadamente para fins científicos.
O tribunal proibiu a Sea Shepherd de “atacar fisicamente os navios conduzidos pelos queixosos” e de “navegar de um modo que possa pôr em perigo a navegação em segurança de qualquer navio”.
“Em nenhuma circunstância, os acusados devem se aproximar a menos de 500 metros dos queixosos, enquanto estiverem a navegar em pleno mar”, diz a decisão. O processo dirige-se não só à Sea Shepherd, como organização, como ao seu líder, Paul Watson, que é procurado pela Interpol.
A caça comercial à baleia está proibida por uma moratória internacional de 1986. Mas o Japão captura cerca de mil baleias todos os anos, no Oceano Antárctico, ao abrigo de uma excepção na legislação internacional que permita a caça para fins científicos.
Há anos que a Sea Shepherd persegue os navios japoneses, utilizando manobras de navegação e abordagens directas para perturbar a actividade baleeira. No ano passado, os japoneses acabaram por encerrar mais cedo a sua campanha nos mares do sul.
A decisão do tribunal foi saudada pelo Instituto de Investigação de Cetáceos e pela Kyodo Senpaku. Num comunicado, ambas organizações dizem que avançaram com o processo “porque a Sea Shepherd lançou os seus barcos sabotadores e anunciou a sua intenção de agir fisicamente contra as embarcações de investigação japonesas”.
Uma frota da Sea Shepherd, envolvendo quatro navios, um helicóptero, três veículos não tripulados e mais de uma centena de pessoas, partiu de Melbourne, Austrália, no dia 5 de Novembro, para interceptar os baleeiros japoneses.
Paul Watson está a bordo de um dos navios. O líder da Sea Shepherd é procurado pela Interpol, acusado de ter colocado em perigo a tripulação de uma embarcação que caçava tubarões na Costa Rica, em 2002.
A Sea Shepherd diz que continuará na sua missão, estranhando a decisão do tribunal. “É uma situação complexa, na qual um tribunal dos Estados Unidos emite uma ordem contra navios holandeses e australianos, com uma tripulação internacional, em operação em águas internacionais ao largo da Austrália e da Nova Zelândia, e dentro da Zona Económica Antárctica australiana”, diz a organização, num comunicado.
“Os nossos navios, comandantes e tripulantes estão 100% empenhados em conseguir uma quota de zero-mortes nas baleias”, completa.