Nancy tinha armas em casa para estar preparada "para o pior"
À medida que surgem mais informações sobre a família de Adam Lanza, 20 anos, autor do massacre na escola de Sandy Hook, o foco mediático vira-se também sobre a sua mãe, Nancy.
As armas que Adam usou no massacre eram da sua mãe, aparentemente terá sido ela que o ensinou a disparar. Para que queria Nancy tantas armas? Para se proteger. E, aparentemente, porque pertencia a um movimento de sobrevivencialistas, os preppers, que querem estar preparados para uma situação de caos social devido a um colapso económico mundial.
"Ela queria armas para protecção. Preparou-se para o pior", disse a sua ex-nora, Marsha Lanza, ao jornal Chicago Sun-Times. "A última vez que a visitámos, falámos sobre "prepping" - e ela perguntou-me: "Estão prontos para o que pode acontecer mais para a frente, quando a economia desabar?""
No Prepper Website (o subtítulo é: "Preparação-sobrevivência-notícias alternativas") há artigos sobre como fazer tiro ao alvo em ambientes estáticos ("Foi assim que aprendi a disparar, foi assim que ensinei o meu filho", diz o autor, incentivando, no entanto, o treino em ambientes mais exigentes) ou como obter aspirina através do salgueiro.
Nancy Lanza, 52 anos, também terá, segundo os relatos da imprensa, ensinado os dois filhos - Adam, de 20 anos, e Ryan, de 24 - a disparar, indo com alguma frequência a um dos 30 clubes de tiro da zona.
Era descrita como uma mãe a tempo inteiro. Depois de se ter divorciado, em 2009, ficou com dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, segundo os relatos da imprensa americana. Era conhecida pela sua generosidade num bar local, chamado My Place, pagando muitas vezes a conta de quem tinha dificuldades.
Apesar de em circuitos sociais manter privada a vida familiar, Nancy Lanza terá confessado, numa conversa recente no My Place, que estava com problemas com Adam. "Disse que ele estava pior", contou uma amiga que não quis ser identificada. "Que estava com medo de o perder."
Quem convivia com Nancy conta que, nas raras vezes em que falava da família, ela se referia ao filho mais velho, Ryan, e nunca a Adam. A ex-nora diz que, após vários problemas com Adam na escola, Nancy tinha acabado por decidir deixar de trabalhar para lhe dar, ela própria, aulas em casa.
Nancy, apontam alguns conhecidos, fazia-se notar também pela relutância em convidar pessoas para a sua casa. Dan Holmes, que trabalhou no seu jardim, conta que ela podia ter conversas entusiasmadas com ele sobre armas, por exemplo, indo a casa buscá-las para lhas mostrar - mas nunca o convidando a entrar.Lembra, aliás, como ele tocava à porta da frente e ela aparecia no jardim vinda pela porta do lado. "Era um pouco estranho", lembra.
Nancy Lanza fazia parte de um grupo que jogava dados (um jogo chamado "bunko") e que se juntava em casa dos seus membros, rotativamente. Mas ela conseguiu sempre evitar que fosse em sua casa.
O papel da mãe foi maná para os tablóides, que questionaram a responsabilidade de Nancy no ataque - desde o ter as armas acessíveis ao ensinar um filho problemático a disparar. Amigos de Nancy defendem-na. "Era uma proprietária de armas responsável", disse um amigo, sob anonimato. "Era importante que ensinasse aos filhos como usar uma arma de fogo com responsabilidade."