Portugueses querem criar uma escola bilingue no Reino Unido
Projecto de professores portugueses pretende arrancar no próximo ano lectivo. A escola vai oferecer português e inglês.
“O aumento da migração poderá contribuir para termos ainda mais procura, mas, neste momento, o número de descendentes de portugueses e de interessados em aprender português é mais do que suficiente para justificar um projecto desta natureza. Há uma grande comunidade portuguesa no Reino Unido, mais precisamente na zona de Londres”, concretiza.
Segundo o responsável, a escola não é só para filhos de falantes de língua portuguesa ou inglesa. “Sabemos que há um grande interesse por parte de muitas famílias inglesas e de outras nacionalidades em proporcionar uma escolaridade bilingue aos filhos como aposta no seu futuro académico, mas também porque acreditam e vivem saudavelmente com o multiculturalismo”, sublinha.
No site do projecto, pode ler-se que alguns dos objectivos são o aumento da probabilidade de emprego, a educação de jovens mais tolerantes para com outras culturas e a melhoria das relações entre as famílias e a escola.
E como vão funcionar estas aulas? A começar no pré-escolar, as crianças aprendem a ler, escrever e contar nas duas línguas. A Língua Portuguesa e a História de Portugal serão ensinadas em português, e as outras disciplinas em inglês. A equipa criadora deste projecto explica que criou um currículo próprio e que vai gerir a escola de acordo com essa visão – o sistema britânico possibilita-o. A equipa é constituída por quatro portugueses, três ingleses e um elemento com dupla nacionalidade.
“Fui tendo conhecimento dos alunos descendentes de portugueses no Reino Unido e da relação que as famílias estabelecem com as escolas, que é muitas vezes dificultada por não falarem bem a língua. Os alunos acabam por perder o português ou por falá-lo apenas em casa. O nosso objectivo é que o português não seja apenas uma língua de herança, mas uma língua na qual as famílias apostem, a pensar num futuro internacional para os seus filhos. Queremos também contribuir para a integração social das famílias portuguesas, e está provado que o bilinguismo é um forte elemento de coesão social”, defende Regina Duarte, líder da equipa, e responsável pela coordenação do ensino do Português no Instituto Camões no Reino Unido e nas Ilhas do Canal.
Financiado pelo Estado
A Anglo-Portuguese School of London pretende abrir como free school, ou seja, uma escola com projectos próprios mas financiada pelo Estado, algo que não existe em Portugal e que o mais semelhante serão as escolas do ensino particular que têm contratos de associação com o Ministério da Educação e Ciência (MEC) e que estão obrigadas a oferecer o mesmo currículo que as escolas públicas. Para tal, os responsáveis vão submeter um pedido ao ministério britânico.
Com o apoio institucional da Embaixada de Portugal e do Instituto Camões, a escola tem a data de abertura planeada para Setembro de 2014, no sul de Londres, com 250 alunos e capacidade máxima para 800.
Os criadores do projecto querem também que a escola seja certificada para o ensino do português. “Nós temos as condições necessárias para que a certificação dos nossos alunos seja reconhecida em Portugal. Não podemos pedir certificação ao Ministério da Educação de cursos que ainda não existem, mas estamos a garantir que o currículo que criamos está também de acordo com as exigências do currículo português”, diz a líder da equipa. Assim que tal acontecer, será pedida essa certificação ao Ministério da Educação e Ciência que, para já, ainda não tem conhecimento deste projecto.
Segundo Óscar Faria, a comunidade portuguesa em Londres tem recebido com “entusiasmo” o projecto e várias associações e particulares já estão a colaborar na recolha de assinaturas que, segundo Regina Duarte, têm o objectivo de “provar o interesse dos pais” na escola que pretendem abrir.