Três espécies de primatas nocturnos descobertas na ilha de Bornéu
As novas espécies de lóris são nocturnas, têm veneno na boca e são alvo do comércio ilegal para serem animais de estimação.
“Historicamente, muitas espécies não foram reconhecidas independentemente e foram agrupadas de um modo errado numa única espécie. Enquanto o número de espécies de primatas duplicou nos últimos 25 anos, algumas espécies nocturnas mantiveram-se desconhecidas para a ciência”, explica Rachel Munds, da Universidade do Missouri, autora do estudo, publicado na revista American Journal of Primatology.
A espécie inicial chama-se Nycticebus menagensis, e agora só existe no arquipélago das Filipinas. Considerava-se que este primata vivia nalgumas ilhas das Filipinas e em Bornéu. Mas, depois desta investigação, as duas subespécies de Bornéu ascenderiam ao estatuto de espécie e chamam-se agora Nycticebus
bancanus e Nycticebus borneanus. Além disso, o novo grupo identificado em Bornéu ficou com o nome do rio Kayan, chamando-se Nycticebus kayan. Este grupo vive nas zonas montanhosas, no centro-leste da ilha.Boca venenosa
Alguns lóris têm padrões na pelagem da cara muito característicos, que permitem definir as espécies. Mas no género dos Nycticebus, que está activo à noite, esses padrões são menos distintivos. Para chegar às novas conclusões, a equipa analisou mais aprofundadamente os padrões coloridos da face, que se parecem com máscaras.
Outra característica única destes animais é terem veneno na boca. Estes lóris têm uma glândula junto do cotovelo que segrega toxinas. Os animais habituaram-se a esfregar o líquido nos dentes. Resultado, funciona como uma arma e pode provocar um choque anafilático nas pessoas que são mordidas, além de apodrecer os tecidos à volta do local mordido. Os cientistas pensam que este veneno não será produzido pelos primatas, mas que virá de certos artrópodes da classe das comuns marias-café. Estes artrópodes de Bornéu produzem toxinas e servem de alimento aos lóris.
A equipa está preocupada com a conservação das quatro espécies, devido ao seu comércio ilegal como animais de estimação. Quem faz este comércio costuma tirar os dentes da frente dos animais por serem venenosos. Agora, os conservacionistas têm de se preocupar, não com uma, mas com quatro lóris diferentes. “Espécies separadas são mais difíceis de proteger do que uma, já que cada espécie precisa de manter um certo número populacional e ter floresta suficiente como habitat”, explica Rachel Munds.