PCP defende referendo sobre saída da UE e euro
O secretário-geral do PCP defendeu ontem um referendo sobre a saída de Portugal da zona euro e da União Europeia, sublinhando que as políticas de Bruxelas e a moeda única impedem o desenvolvimento do país.
Reiterando que a União Europeia, tal como existe neste momento, "não é reformável", Jerónimo de Sousa destacou, em entrevista à Antena Um, que está "claramente desfeito" o "princípio elevado da coesão económica e social, de uma Europa solidária, tendo em conta as orientações neoliberais que determinam as instituições europeias e que há um directório de potências que comanda e não um conjunto de países em coesão".
"Eram proclamações que com certeza influenciaram a opinião de muitos portugueses" sobre a construção europeia, sublinhou, acrescentando a seguir que o país precisa de "um desenvolvimento soberano" .
"E neste quadro, se a União Europeia, se as suas instituições e mecanismos, forem impedimento a esse desenvolvimento económico, a esse desenvolvimento soberano, então consideramos que o povo português tem direito a arredar esses obstáculos, esses condicionalismos, designadamente os impostos pelo euro", disse o líder do PCP, reeleito secretário-geral do partido no congresso comunista do passado fim-de-semana.
Para Jerónimo de Sousa, não se pode "dissociar a questão do euro do processo de integração": "Se esse processo de integração conduzir a uma situação de empobrecimento geral do país, se nos quiserem alienar a soberania, porque já estão a alienar parcelas, obviamente que aquilo que nós colocamos é o povo português ter o direito de decidir inclusive da saída da União Europeia e do euro".
Questionado sobre se essa consulta ao povo português deve ser feita através de um referendo, respondeu: "Designadamente. O povo português nunca foi chamado para se pronunciar sobre instrumentos fundamentais que hoje condicionam a nossa soberania".
Jerónimo de Sousa sublinhou que os problemas do país "não são todos por causa da União Europeia", porque "houve uma política nacional concreta com governos concretos que conduziram o país a esta situação", acrescentando que a "questão primeira e principal" é a de resolver "o problema nacional" e encontrar uma "política diferente".