António Borges, consultor do Governo para as privatizações, fez esta afirmação na noite de terça-feira, no programa Última Palavra, da RTP Informação. “Sabemos que estávamos a viver muito acima das nossas possibilidades e a viver exclusivamente de crédito externo, um crédito que acabou. E ficámos numa situação dramática. Esse problema está resolvido e a economia está equilibrada. Hoje gastamos o mesmo que produzimos”, sustentou.

Na sua opinião, o Governo de Pedro Passos Coelho “fez o ajustamento da economia”, que se encontrava “extraordinariamente desequilibrada”, e a “mentalidade de gastar excessivamente acabou”.

Este economista, que ocupou lugares de topo no banco de investimento norte-americano Goldman Sachs e no Fundo Monetário Internacional (FMI), também diz que não é ainda possível apontar uma “luz ao fundo do túnel”. Mostra-se, porém, convencido de que haverá um desfecho análogo ao da crise que o país viveu entre 1983 e 1985. “Custou. Foram dois anos difíceis e depois tivemos um período de crescimento muito forte”.
 
Borges admitiu ainda que está em estudo a alienação a privados de 49 por cento do operador público de rádio e televisão. E mostrou-se convencido de que a entrega da gestão da RTP a uma entidade privada, “de forma relativamente duradoura”, poderia “eliminar” o que considerou ser a “extraordinária tentação que tem o poder público de intervir na televisão”.

O PÚBLICO noticiou no início da semana que a privatização de 49% do capital do grupo RTP seria tratada numa das próximas reuniões do Conselho de Ministros. Mas o Expresso avançou tratar-se apenas de um dos modelos em estudo.