Elizabeth Price ganha o Prémio Turner com um filme “aterrador”

À sua maneira, os quatro nomeados trabalharam a insanidade, quer como tema, quer como reflexo. Mas foi Price, com o seu filme “aterrador”, que acabou por ganhar. Para trás ficaram a primeira performer a entrar na shortlist, um desenhador obsessivo e outro videasta

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Imagem da instalação de Elizabeth Price Cortesia Elizaberth Price/MOTInternational, Londres

A artista plástica Elizabeth Price, 46 anos, tem vindo a trabalhar na área da imagem em movimento, criando filmes que a crítica define como “emocionantes” e “perturbadores”. Segundo o diário britânico The Independent, em The Woolworths Choir of 1979, a instalação que agora lhe valeu o Turner, Price combina imagens de arquivo, fotografias de arquitectura religiosa, clips da Internet e performances pop com excertos de noticiários televisivos sobre um incêndio de um armazém em Manchester, também em 1979, em que morreram dez pessoas. 

Da shortlist faziam ainda parte Paul Noble, que chegou a ser dado como favorito por alguns dos jornais britânicos e pela BBC, Luke Fowler e Spartacus Chetwynd, esta última a primeira artista da área da performance a chegar a finalista.

Criado em 1984 e no valor de 30 mil euros, o Turner, um dos mais importantes prémios de artes plásticas, é atribuído anualmente a um artista britânico com menos de 50 anos e que, segundo o júri, teve a melhor exposição dos últimos 12 meses (os restantes três nomeados recebem seis mil euros cada). 

A meio da tarde de segunda-feira, Jonathan Jones, prestigiado crítico de arte do diário The Guardian pedira a vitória para Price. Num texto breve publicado no seu blogue, Jones escreveu que “qualquer visitante da exposição dos nomeados terá uma dose poderosa do que a avant garde anda a fazer em 2012”, mas admitiu estar a torcer por Elizabeth Price. “O seu aterrador The Woolworths Choir of 1979 é uma das obras de artes mais poderosas” que já passaram pelo Turner, disse o crítico, garantindo que é “mais gótico” do que Confessions of a Justified Sinner, de Douglas Gordon, o vencedor de 1996. “Para ser sincero, é quase mais gótico do que O Exorcista

Mas, se fosse Fowler o vencedor, Jones não ficaria infeliz, já que considera o seu trabalho “extremamente original”: “É um ano para a imagem em movimento, se é que há alguma justiça.” O crítico não se enganou.

No seu artigo breve, o crítico do Guardian escreveu ainda que a lista final do Turner 2012 mostra que o prémio, ao contrário do que aconteceu ao longo da primeira década dos anos 2000 (até 2009), tem força e aposta em candidatos sérios.

O escultor Martin Boyce, o escocês de Do Words Have Voices, uma instalação em que recria um parque no outono e em que é notória a influência que nele tem o design modernista, foi o vencedor em 2011. De notar que o Turner ajudou já a consolidar a carreira de nomes como Tracey Emin, Martin Creed e Damien Hirst, que estão entre os mais bem cotados do mercado da arte contemporânea. 
 

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