A Primavera Árabe, que teve início há mais de um ano, na Tunísia, e que se alastrou a vários outros países do Próximo e Médio Oriente, de forma alguma chegou ao fim.
Nestas últimas semana, o mais famoso conflito da zona, o israelo-palestiniano, viu atravessar uma nova onda de violência e agitação. Há muito que especialistas na área esperam alguma forma de agitação na zona e sabe-se que é simplesmente uma questão de tempo até que uma nova forma de resistência emirja.
Neste último ano, o povo Palestiniano foi posto à prova, com a onda de greves de fome por parte dos prisioneiros políticos em prisões israelitas.
Viu-se que o "status quo" de paz aparente está por um fio. Restava saber até quando este povo iria aguentar a situação insuportável em que vive notando-se o facto de o mesmo estar cansado e resignado face a 64 anos de resistência em vão.
Também sempre esteve claro que, para a resistência palestiniana funcionar efectivamente, seria necessário uma união total entre os palestinianos dos três territórios – Cisjordânia, Gaza e Israel. Os últimos acontecimentos vieram mostrar que, o povo palestiniano continua, apesar da separação física, a estar unido.
Assim que Israel começou a bombardear e a matar indiscriminadamente a população de Gaza, tanto os Palestinianos na Cisjordânia, como os de Israel saíram à rua a protestar em solidariedade com o resto do seu povo. Os resultados dessas manifestações foram que, Israel, paralelamente aos ataques a Gaza, iniciou uma campanha de perseguição e de punição colectiva a um povo que ocupa, coloniza, rouba, mata e martiriza há mais de 64 anos consecutivos.
Durante a operação Pilar of Defense, em Gaza, Israel prendeu só na Cisjordânia, cerca de 200 civis, e algumas dezenas dentro da Green Line. Sendo estes, Palestinianos com cidadania israelita. A universidade de Haifa proibiu qualquer tipo de actividade política, de forma a evitar a organização de palestinianos dentro do estado contra o mesmo.
Israel usou nas manifestações armas de fogo de forma a dispersar os manifestantes, lesionando gravemente vários palestinianos e resultando ainda na morte de três pessoas. As IDF tentaram suprimir as manifestações de forma a evitar uma escalação da revolta, controlando estradas, fechando acessos e impondo novos "checkpoints" por toda a Cisjordânia. Em Israel os manifestantes foram atacados e espancados tendo até sido feito uso de polícia a cavalo, em Jerusalém.
Várias vilas e cidades palestinianas em Israel foram fechadas e isoladas, proibindo a movimentação livre dos seus residentes. O povo palestiniano estava apavorado face à onda de violência por parte de Israel e mais de dez mil saíram à rua por todo o território a protestar, de forma a combaterem a sensação de impotência perante o genocídio que estava a acontecer a apenas alguns quilómetros de distância.
Em Ramallah ouviam-se continuamente aviões de guerra e helicópteros a sobrevoarem em direcção a Gaza para mais um bombardeamento.
Regularmente ouviam-se detonações/explosões assim como mísseis de longa distância. Uma situação desesperante para quem sabe que algures do outro lado do muro o seu povo está a ser chacinado, e, não tem qualquer hipótese de poder ajudar dado encontrar-se encarcerado. Este povo está a atingir os seus limites, um dia revoltar-se-á. Mais uma vez. Esperemos que seja a última.